“A UNITA já teve de se organizar como um Estado, obrigada a refugiar-se nas matas para proteger a vida dos seus militantes durante a invasão russo-cubana. Após os acordos e o memorando do Luena, com parte dos membros da segurança rendidos ou capturados, a UNITA viu-se pressionada a desmantelar a sua estrutura de segurança. O SINFO [Serviço de Inteligência e Segurança do Estado] já tinha as listas e os nomes de todo o pessoal, que acabou enquadrado na Polícia Nacional e/ou nas Forças Armadas Angolanas (FAA). Essas afirmações [de que a UNITA mantém um serviço secreto] estão hoje fora de contexto. Com a segurança a funcionar, não teriam envenenado nem o doutor Raul Danda, nem o general Kamorteiro, nem o doutor Jaka Jamba, muito menos o Mussokola”, escreveu o internauta, em resposta a Jorge Eurico.
Na publicação original, o jornalista – que já trabalhou em vários órgãos angolanos e reside actualmente no exterior – evocava declarações do analista Albino Pakisi no programa Equilíbrio, onde este afirmou que a UNITA ainda dispõe de um serviço de inteligência funcional. Para Eurico, se tal se confirmar, trata-se de um acto criminoso e incompatível com a democracia.
“O país não precisa de partidos com espiões. A espionagem é monopólio do Estado. Imagine cada partido com o seu SINSE (Serviço de Inteligência e Segurança de Estado). Uma loucura. Uma Torre de Babel. Um Congo nada democrático. Um caos total. Guerra Fria absurda. Democracia em cacos”, escreveu, suscitando críticas mas também adesão de vários internautas.
Afinal, Jaka Jamba foi envenenado?
Antes de responder, importa recordar que o mesmo internauta mencionou outras figuras, como os deputados Raul Danda e Diamantino Mussokola, bem como o general Abreu Muengo Ukwachitembo “Kamorteiro”.
Antes de responder à questão especifica, vale lembrar que, o referido internauta citou igualmente outros nomes, como dos então deputados Raul Danda e Diamantino Mussokola, bem como do general Abreu Muengo Ukwachitembo “Kamorteiro”.
Diamantino Mussokola – O deputado da UNITA faleceu a 13 de Junho de 2025. A vice-presidente do grupo parlamentar do partido, Mihaela Webba, afirmou que a autópsia preliminar revelou a presença de uma “substância corrosiva no estômago”, sugerindo “um caso de envenenamento”. Nas redes sociais, multiplicaram-se as especulações: uns apontaram responsabilidades internas à UNITA; outros, ao MPLA, partido no poder.
General “Kamorteiro” – Antigo chefe do Estado-Maior-General Adjunto das FAA e ex-combatente da UNITA, morreu em 2022, envolto em polémica. A família dividiu-se quanto à realização de uma autópsia independente. O general e ex-secretário-geral da UNITA, Kamalata Numa, chegou a escrever que “mão humana” poderia estar por detrás da morte do militar que assinou o Acordo de Paz de 2002. Contudo, a autópsia oficial concluiu que Kamorteiro foi vítima de um enfarte agudo do miocárdio. Numa acabou alvo de um processo por “ultraje ao Estado angolano” e ficou, em 2024, sob termo de identidade e residência e apresentações periódicas à PGR.
Raul Danda – Falecido em 2021, também foi alvo de rumores de envenenamento, hipótese que a própria UNITA descartou. Em entrevista à CamundaNews, o deputado Joaquim Nafoia atribuiu a morte a falhas do sistema de saúde.
Jaka Jamba – O académico e destacado político da UNITA morreu em 2018, aos 69 anos. Segundo o então porta-voz do partido, Alcides Sakala, a causa foi um Acidente Vascular Cerebral (AVC). O funeral ficou marcado por uma rara convergência de dirigentes governamentais, sociedade civil e quadros da oposição, reflexo do seu perfil conciliador. O então vice-presidente da República, Bornito de Sousa, em nome do Presidente João Lourenço, destacou-o como “nacionalista”.
Não existe qualquer evidência de que Armelindo Jaka Jamba tenha sido envenenado. A informação oficial aponta de forma inequívoca para um AVC como causa da morte. As referências a um alegado envenenamento surgem apenas em comentários de redes sociais, sem fundamento comprovado.
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Avaliação do Polígrafo África:


