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Albino Pakisi: “Só 45% da população angolana é que tem água potável”

Sociedade
O que está em causa?
"A cólera é a doença da pobreza" e surge "por falta de saneamento básico e de água", sublinhou o comentador Albino Pakisi na última edição do programa de debate "Revista Zimbo", declarando que "só 45% da população angolana é que tem água potável". Verificação de factos.

“É muito preocupante, porque a cólera é a doença da pobreza. A cólera surge quando as pessoas são pobres, mas surge essencialmente quando as pessoas não têm saneamento básico”, afirmou o comentador Albino Pakisi, na última edição do programa de debate televisivo “Revista Zimbo”, a 12 de Janeiro, sublinhando que “a cólera surge na sequência da falta de saneamento e da falta de água”.

Referia-se ao mais recente surto de cólera em Angola. Desde o início do ano foram registadas em três províncias angolanas 18 mortes por cólera, 224 casos notificados e destes 32 confirmados.

Para o docente na Universidade Metodista de Angola, “não se consegue viver numa cidade ou num bairro onde os esgotos estão a céu aberto, as pessoas não têm como não apanhar cólera. (…) E a questão da água é essencial. Eu não sei como é que nós até hoje não conseguimos distribuir água para toda a população de Angola. Só 45%, para aí, da população angolana é que tem água potável“.

A percentagem indicada tem fundamento?

De acordo com dados do Ministério da Energia e Águas divulgados em Outubro de 2024, “apenas 44% tem acesso à electricidade e 56% da população tem acesso à água potável”.

Em declarações citadas pelas “Novo Jornal”, o ministro João Baptista Borges reconheceu na altura que os índices de acesso à água potável e energia eléctrica “ainda não são satisfatórios para o Executivo”. Apontou também que a meta de cobertura do Governo até ao final de 2027 é de 61% na água potável e 50% na electricidade.

Por outro lado, dados do Banco Mundial, apresentados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) no documento intitulado “Análise sobre o Orçamento Geral do Estado 2023 – Água e Saneamento Básico”, indicavam que “57% da população tem acesso à água potável”.

“As famílias que vivem em áreas urbanas têm mais probabilidades de ter acesso à água e ao saneamento básico do que as que vivem em zonas rurais periurbanas, pois, nas áreas urbanas, 65% das pessoas têm acesso ao saneamento básico e 72% das pessoas têm acesso à água potável”, realça-se no estudo do UNICEF.

No referido documento, a instituição salienta que “nas zonas rurais, apenas 24% e 28% das pessoas têm acesso ao saneamento básico e à água potável”.

Em resposta ao Polígrafo África, o próprio Albino Pakisi justifica que “esses dados são do ministro da Energia e Águas”. Mas são dados desactualizados, na medida em que os mais recentes apontam para 56% da população angolana com acesso a água potável. Daí a classificação de “Impreciso“, sinalizando uma discrepância relevante nos números.

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Avaliação do Polígrafo África:

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