O Presidente angolano, João Lourenço, que detém um mandato da União Africana para mediar o conflito, tem feito esforços para travar as hostilidades. No entanto, enfrenta desafios significativos, tanto devido à intransigência das partes envolvidas como à intervenção de outras forças estatais, conforme alertado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2023 e 2024.
No seu discurso durante a passagem de pasta na União Africana, João Lourenço corroborou as preocupações expressas pela ONU, sublinhando que os líderes africanos conseguiram contrariar um alegado plano de balcanização da RDC, que visava fragmentar o vasto território congolês em vários micro-Estados.
Com esse cenário evitado, restava agora ao Presidente angolano persuadir Félix Tshisekedi a negociar com o M23, grupo que o Governo da RDC classifica como “terrorista” devido aos ataques perpetrados contra populações civis.
Apesar dos obstáculos, João Lourenço conseguiu avançar na mediação e agendou um encontro entre representantes do Governo da RDC e emissários do M23 em Luanda.
Para essa reunião, o M23 formou uma delegação de cinco membros, liderada por Benjamin Mbonimpa, secretário-executivo da Aliança das Forças Congolesas/M23 (AFC/M23). O itinerário previa uma escala no Uganda, um voo fretado por Angola, uma estadia de quatro dias em Luanda e o regresso a Goma no dia 21 de Março.
No entanto, quando tudo parecia alinhado, uma medida sancionatória da União Europeia contra os líderes do M23 impediu a deslocação do grupo. Entre as sanções impostas estava a proibição de viagens, o que forçou o M23 a cancelar a sua participação no encontro.
“O Ministério das Relações Exteriores de Angola informa a opinião pública nacional e internacional que, por circunstâncias de força maior, não foi possível realizar, nesta terça-feira, 18 de Março, em Luanda, o encontro programado entre o Governo da República Democrática do Congo e o Movimento 23 de Março”, refere o comunicado do ministério, publicado na página oficial da Presidência da República de Angola.
No mesmo documento, o MIREX assegura que Angola, enquanto mediador, continuará a “envidar todos os esforços para que o encontro se realize em momento oportuno”, reafirmando que “o diálogo é a única solução duradoura para a pacificação no Leste” da RDC.