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Antiga Primeira-Dama de Cabo Verde, Lígia Fonseca, afirmou que Daniel Chapo deve um pedido de desculpas aos moçambicanos?

Política
O que está em causa?
Circula nas redes sociais a alegação de que a advogada moçambicana e antiga Primeira-Dama de Cabo Verde, Lígia Dias Fonseca, terá dito que o actual Chefe de Estado moçambicano, Daniel Chapo - que tomou posse a 15 de Janeiro como quinto Presidente de Moçambique -, deve pedir desculpas ao povo moçambicano. Verificação de factos.

“Presidente Daniel Chapo, deve pedir desculpas ao povo moçambicano…”, lê-se numa publicação datada de 27 de Junho, no Facebook.

Noutra publicação, amplamente partilhada, o autor afirma que Lígia Fonseca teceu duras críticas ao regime que governa Moçambique há meio século. “Lígia Fonseca denuncia 50 anos de má governação em Moçambique”, escreveu.

Mas será verdade que a antiga Primeira-Dama cabo-verdiana fez tais declarações?

Sim. Numa publicação feita na sua página oficial na plataforma LinkedIn, Lígia Dias Fonseca — advogada de profissão e Primeira-Dama de Cabo Verde entre 2011 e 2021 — fez críticas contundentes ao governo moçambicano.

Na publicação, responsabiliza os ex-presidentes Joaquim Chissano, Armando Guebuza e Filipe Nyusi, bem como o actual presidente Daniel Chapo, pela situação política, social e económica do país.

“No Estádio da Machava, a dita tocha da unidade passou pelas mãos de Chissano, Guebuza, Nyusi e foi por este entregue ao actual Presidente da República, Daniel Chapo. A fotografia registou os responsáveis pela má situação política, social e económica do país. Estes homens conduziram Moçambique ao atraso, à miséria, instalaram e consolidaram a corrupção em todo o aparelho administrativo e vivem na opulência, no bem-bom”, escreveu.

Lígia Fonseca denunciou ainda que a justiça e os cuidados de saúde em Moçambique são privilégios acessíveis apenas a quem dispõe de recursos financeiros.

“Enquanto isso, o analfabetismo impera, a extrema pobreza cresce e a justiça depende da cor partidária e do poder financeiro. A saúde é para quem pode pagar o acesso às boas clínicas em Maputo ou no exterior”, sublinhou.

A advogada entende que o actual Chefe de Estado moçambicano deve, em nome do regime que governa Moçambique desde a independência, apresentar um pedido de desculpas ao povo.

“A promessa de desenvolvimento feita há 50 anos, nesse Estádio da Machava, não foi cumprida. Gostaria que Daniel Chapo começasse por pedir desculpas ao povo moçambicano por 50 anos de um desgoverno comandado pela Frelimo”, afirmou.

Estas declarações foram feitas no contexto das celebrações dos 50 anos da independência de Moçambique, que tiveram lugar no Estádio Nacional da Independência (antigo Estádio da Machava).

A cerimónia contou com a presença dos Presidentes de Portugal, Tanzânia, República Árabe Saaraui, Zimbabué e Guiné-Bissau, bem como de representantes de países e organizações como África do Sul, Malawi, Namíbia, Angola, Botsuana, Argélia, Brasil, Ruanda, Congo, Comores, Índia, Egipto, Rússia, Guiné Equatorial, Vietname, Cuba, SADC, União Africana, Aga Khan, entre outros.

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Avaliação do Polígrafo África:

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