“Passados 50 anos da nossa independência, um pedido de desculpas por parte do Estado ao povo cabo-verdiano ainda se justifica”, afirmou Celso Ribeiro, sublinhando que esse reconhecimento deveria ser acompanhado de uma reparação adequada às vítimas do regime autoritário instituído pelo então PAIGC/CV.
As declarações do líder parlamentar do MpD, proferidas na sessão de 5 de Julho, geraram uma onda de reacções nas redes sociais, com críticas severas de figuras próximas do PAICV e de intelectuais cabo-verdianos, mas também manifestações de apoio.
Entre os críticos, destaca-se Luís Fonseca, combatente da liberdade da Pátria, que acusou o MpD de “atingir o paroxismo do descaramento” ao usar a comemoração do 5 de Julho no Parlamento para “conspurcar a memória da data” e “insultar todos quantos contribuíram para a independência”.
“O MpD utilizou a celebração para, com mentiras grosseiras e fabricações fantasiosas, desrespeitar o povo cabo-verdiano que, em 1975, assumiu nas suas mãos o seu destino”, afirmou Fonseca.
Também Bartolomeu Varela, académico próximo do PAICV, considerou o discurso de Celso Ribeiro “envergonhador”, acusando-o de “ignorar o papel decisivo da luta de libertação conduzida por Amílcar Cabral” e de reduzir os primeiros 15 anos de independência a uma “implacável ditadura”.
“Quem atribui o mérito da independência exclusivamente à Revolução dos Cravos e omite os progressos alcançados nas primeiras décadas revela ignorância intelectual ou má-fé”, criticou Varela, acrescentando que, “felizmente, o Presidente da Assembleia Nacional colocou os pontos nos ‘is’”.
Por outro lado, Emanuel Barbosa, primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional e membro do MpD, saiu em defesa de Celso Ribeiro, afirmando que o combate ao “revisionismo histórico” é um “desígnio nacional”.
“O MpD nasceu para romper com a hegemonia do pensamento único e devolver ao povo a liberdade de pensar e escolher”, escreveu Barbosa no Facebook, considerando a intervenção de Celso Ribeiro “um gesto de coragem patriótica e de fidelidade à missão histórica do partido”.

