Circula nas redes sociais uma maquete atribuída ao alegado projecto inicial do terminal que, aparentemente, nada tem que ver com a obra inaugurada. Entre as críticas mais partilhadas encontra-se uma publicação no Facebook que questiona o paradeiro dos fundos emprestados do exterior.
“Ninguém explica onde foi parar o dinheiro tomado de empréstimo no exterior para o originalmente anunciado. Eram mais três dezenas de milhões de euros”, afirma o autor da publicação.
Numa outra publicação, um operador turístico lamenta: “Durante anos, vimos circular imagens de um projecto arrojado para o nosso Terminal de Cruzeiros. Edifícios modernos, integração urbana, espaços verdes, zonas comerciais — uma infraestrutura que prometia elevar o Mindelo a um novo patamar. Era mais do que um terminal: era uma visão.”
Apesar disso, o mesmo operador reconhece os méritos da obra agora entregue: “Hoje, no dia inaugural, a realidade é outra. Temos um espaço funcional, sim. Um cais que permite a atracação de embarcações, com um edifício novo. E é importante começar por reconhecer isso. Não estou aqui a diminuir o que foi feito, porque o cais está aí, a obra existe. E, como operador turístico, posso afirmar com clareza: vai trazer benefícios. Vai facilitar operações, criar condições para receber visitantes com mais conforto e pode ser um motor de oportunidades.”
Ainda assim, lamenta que o resultado final não tenha cumprido as expectativas criadas: “Não podemos fingir que esta era a promessa. O que foi apresentado inicialmente era um projecto com ambição urbana, com identidade, com presença. Um espaço pensado não só para os cruzeiros, mas também para a cidade. Um símbolo de modernização que ia além do betão — que incluía revitalização, planeamento urbano e impacto positivo na vida local.”
Conclui dizendo que o terminal agora entregue “é pobre em espírito. É vazio. É mais rotunda do que terminal. Falta-lhe densidade, falta-lhe função além do óbvio, falta-lhe alma. E é isso que custa. Porque sabíamos que era possível fazer mais. Estava desenhado. Foi anunciado.”
Contudo, de acordo com a verificação feita pelo Polígrafo África, o terminal de cruzeiros de São Vicente corresponde ao projecto apresentado publicamente pela Enapor — empresa pública gestora dos portos de Cabo Verde — no dia 18 de Janeiro de 2022. A infraestrutura inaugurada respeita, assim, o plano divulgado oficialmente, o que invalida a tese de que teria havido uma “substituição” do projecto ou um desvio de verbas.
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Avaliação do Polígrafo África: