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Cabo Verde. Tomar vacina contra a dengue é “servir de cobaia”?

Saúde
O que está em causa?
A República de Cabo Verde está a ser assolada pela dengue, com quase 10 mil casos confirmados da doença até ao final de Outubro. A ministra da Saúde anunciou uma primeira vaga de vacinação contra a doença, mas há quem alegue que a campanha de administração da vacina Qdenga à população servirá como um processo de teste para se apurar a eficácia do produto. Verdade ou mentira?
© Agência Lusa / Elton Monteiro

A veloz propagação da dengue tornou-se uma preocupação nacional em Cabo Verde. Nas redes sociais, sobretudo no Facebook, o facto motiva diversas publicações, muitas das quais com informação enganadora ou mesmo claramente falsa.

Num único dia, 19 de Outubro, o país registou 569 casos suspeitos de dengue e 317 casos confirmados. No cômputo geral, até ao final do mês transacto, o Ministério da Saúde tinha contabilizado 15.256 casos notificados, dos quais 9.871 casos confirmados.

Interpelada sobre esta matéria pelos deputados em sessão na Assembleia Nacional, a ministra da Saúde, Filomena Gonçalves, anunciou que o Governo já encomendou e vai receber as vacinas contra a dengue na primeira quinzena de Novembro.

Enquanto se aguarda pela recepção das vacinas, as autoridades declararam o “estado de contingência” para dois meses e a Cruz Vermelha montou um plano visando sobretudo a protecção das famílias das comunidades mais remotas.

Mas contrariando o que diz o Governo sobre a importância da administração da vacina contra a dengue, há quem alegue – como se verifica em alguns comentários a esta publicação, por exemplo – que as vacinas são novas, ainda não foram testadas e, como tal, quem as tomar estará a “servir de cobaia“.

Também há quem sugira que um “melhor remédio” consistirá em folhas de goiaba. Entre outros exemplos de desinformação.

É verdade que as vacinas contra a dengue ainda não foram testadas e os cabo-verdianos serão “cobaias” de um produto experimental?

Não. A Organização Mundial da Saúde (OMS) pré-qualificou duas vacinas contra a dengue, sendo a última produzida pela farmacêutica Takeda.

“A OMS recomenda o uso da TAK-003 em crianças de seis a 16 anos de idade em locais com alta carga de dengue e intensidade de transmissão. A vacina deve ser administrada num esquema de duas doses com um intervalo de três meses entre as doses”, informa a OMS.

Por exemplo, no Brasil – país que até Outubro deste ano registou cerca de 6,5 milhões de casos prováveis de dengue – é administrada a vacina Qdenga à respectiva população.

Essa vacina foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil, em Março deste ano, e já está disponível para a rede privada do sector da Saúde.

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Avaliação do Polígrafo África:

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