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Chefe da Casa Militar do Presidente da República de Angola negou “categoricamente” o alargamento do prazo do Censo 2024?

Política
O que está em causa?
Em várias publicações nas redes sociais aponta-se para uma declaração do Ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente da República e coordenador da comissão multissectorial para o Censo 2024, Francisco Furtado, a garantir “inequivocamente” a não prorrogação do recenseamento após o dia 19 de Outubro, para evitar a invalidação do processo por instituições internacionais. Prorrogração que acaba de ser confirmada pelo INE.

“Há poucos dias, o Ministro de Estado e Chefe da Casa Militar [do Presidente da República],  afirmou peremptoriamente que por razão alguma o Censo Geral da População e Habitação seria alargado para além do dia 19 de Outubro, sob pena de o país perder credibilidade junto das instituições internacionais”, recorda um internauta na rede social Facebook, numa publicação de 20 de Outubro.

Mas entretanto “surge o INE [Instituto Nacional Estatística] a informar sobre o alargamento deste prazo por mais um mês, porque não foi possível concluir o processo no prazo antes estabelecido e justifica tal medida apegando-se ao facto de não ser Angola o único país a fazê-lo”, destaca-se no post, questionando: “Será mesmo essa a forma de justificarem as nossas falhas?”

As publicações sobre o alegado alargamento do Censo até Novembro geraram distintas reacções, tendo um internauta afirmado que, por essas razões, não se pode confiar nos discursos das autoridades angolanas.

Será verdade que o Chefe da Casa Militar do Presidente da República negou “categoricamente” o alargamento do processo censitário em Angola?

Sim. Há cerca de um mês, na província do Moxico, o Ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente da República e coordenador da comissão multissectorial, Francisco Furtado, afastou a possibilidade de prorrogação do processo de recenseamento da população e habitação.

“Não haverá prorrogação porque nós temos que obedecer às normas internacionais. O Censo está estabelecido numa coordenação com as Nações Unidas para ser realizado em 30 dias. Se nós não cumprirmos este processo nesses 30 dias previstos, Angola corre o risco das Nações Unidas não validarem este censo”, garantiu Francisco Furtado, em declarações à Rádio Nacional de Angola.

Na altura, Francisco Furtado garantiu terem sido superadas todas as dificuldades registadas na fase inicial da actividade censitária no país, apontando a intensificação nos trabalhos da equipa do campo.

Entretanto, no final da tarde do dia 18 de Outubro, o director-geral do Instituto Nacional Estatística (INE), José Calenge, anunciou o alargamento do prazo do Censo 2024 para mais quatro semanas, devido a vários constrangimentos na fase inicial do processo.

Na verdade, o alargamento do processo censitário poderá esticar o montante investido no processo de contagem de pessoas e residências no país. Sublinhe-se que até Janeiro de 2024, conforme avançou o jornal “Expansão” na altura, os gastos do com o Censo 2024 já tinham ultrapassado os 33,6 mil milhões de kwanzas.

De acordo com o Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2024, a dotação prevista para o Recenseamento Geral e População e Habitação é de 53,5 mil milhões de kwanzas. 

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Avaliação do Polígrafo África:

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