No último dia do mês de Junho, data dedicada ao Parlamentarismo, a Assembleia Nacional assinalou a efeméride com uma reflexão sobre os desafios da fome e da má nutrição em Angola, promovendo um debate com vários actores do sector na busca de soluções que melhorem os indicadores do país a nível regional e internacional.
Durante o encontro, o novo líder da ADRA, Simione Chiculo, expôs uma realidade preocupante no que diz respeito à segurança alimentar no país. Segundo referiu, em 2023, 79,2% da população angolana enfrentou insegurança alimentar moderada, ou seja, dificuldades no acesso regular a alimentos adequados.
Na mesma sessão, a 2.ª vice-presidente da Assembleia Nacional, deputada Arlete Chimbinda, defendeu uma maior atenção ao tema da insegurança alimentar e da desnutrição em Angola, lamentando que o assunto seja “pouco debatido e pouco publicitado”.
Mas estarão correctos os dados avançados por Simione Chiculo?
A resposta é sim. Os registos oficiais confirmam a informação. O relatório das Nações Unidas sobre o Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo (SOFI) 2024, publicado pela FAO, indica que, em 2023, 28 milhões de angolanos, o equivalente a 79,2% da população, enfrentaram insegurança alimentar moderada.
O mesmo relatório revela que, nesse período, os indicadores de fome e insegurança alimentar agravaram-se em Angola. Entre 2021 e 2023, o número de pessoas subnutridas no país aumentou em quase dois milhões, passando de 6,8 milhões para 8,3 milhões.
O cenário é igualmente retratado pelo Índice Global da Fome 2024, que avalia quatro componentes: subnutrição, nanismo infantil, emagrecimento infantil e mortalidade infantil. Este relatório coloca Angola entre os 42 países onde a fome é considerada “alarmante” ou “grave”.
De acordo com o documento, Angola ocupa a 19.ª posição a nível global e o 28.º lugar em África, num ranking que mede a severidade da fome e da má nutrição.
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Avaliação do Polígrafo África: