“Isso é quando o Estado quer construir casas para o jovem, não é papel do Estado“, afirma Daniel Chapo, candidato da Frelimo à Presidência da República de Moçambique, num breve clip de vídeo que está a ser partilhado nas redes sociais, no contexto da campanha para as Eleições Gerais que se realizam amanhã, dia 9 de outubro.
Numa das publicações do vídeo comenta-se: “Daniel Chapo diz que ‘não é papel do Estado a responsabilidade de construir casas para jovens’, afirmando que uma parceria público-privada é a solução. Chapo esqueceu que quem construiu a casa dos seus pais na Beira foi o Governo colonial. Parece que está distraído que no Ruanda, onde um ditador governa, quem constrói com recursos maioritários do Turismo é o Governo. Pior, parece que ainda não leu capítulo algum de ciências políticas no capítulo da ‘ocupação territorial – o papel do Estado e seus deveres.'”
“Não haverá casa para os jovens se votarem nesse meu conterrâneo”, remata o autor da publicação.
É verdade que Daniel Chapo proferiu tais declarações? E, se sim, em que contexto específico?
A frase é verdadeira, foi realmente proferida por Chapo, mas está a ser apresentada de forma isolada e, consequentemente, descontextualizada.
Foi recolhida a partir de uma entrevista que o candidato da Frelimo concedeu ao “Presidência Aberta”, um podcast do apresentador Emerson Miranda.
“Habitação, à semelhança de transporte, à semelhança de agricultura, à semelhança de logística, é negócio. Sendo negócio, nós, numa parceria público-privada, vamos encontrar parceiros e já existem para poder fazer habitação de baixo custo, porque o poder de compra da juventude moçambicana também não é grande. Daí que, com a construção de habitação para jovens, de baixo custo, o que vai acontecer é que as casas vão estar disponíveis para jovens e os jovens vão concorrer, vão entrar, vão viver, enquanto vivem, se forem jovens que trabalham vão pagando aos poucos durante 10, 15, 20 anos enquanto já estão lá”, afirmou Chapo.
E acrescentou: “Isso que estou a dizer não é coisa de outro mundo, é uma coisa que acontece. Só é difícil quando o Estado quer construir casas para o jovem e não é papel do Estado. O papel do Estado é promover, fazer parcerias público-privadas, criar políticas que permitem tanto os investidores nacionais assim como estrangeiros fazerem negócio, é neste sentido que realmente estamos a pensar.”
Em suma, Chapo não retira totalmente o Estado do processo – apontando para a função de promotor, em vez de construtor.
_____________________________________
Avaliação do Polígrafo África: