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Daniel Chapo renunciou à Presidência da República de Moçambique devido à contestação?

Política
O que está em causa?
“Não posso governar um povo que não me quer, por isso renuncio a este cargo”. A frase, atribuída ao candidato da FRELIMO que viu a sua eleição confirmada no dia 23, ilustra a informação sobre a sua desistência, veiculada por uma pretensa notícia partilhada nas redes sociais. Verificação de factos.
© Agência Lusa / Luísa Nhantumbo

Agora sim… É a soberana oportunidade para João Lourenço  e o MPLA de Angola felicitarem Moçambique e a Frelimo pela lisura e transparência nas eleições….

A frase desta publicação no Facebook é acompanhada pela partilha de um conteúdo, que aparenta ser uma notícia, de aqui se cita a parte essencial:

Daniel Chapo Renuncia ao Cargo de Presidente da República Após Ser Declarado Eleito pelo Conselho Constitucional

Em uma reviravolta inesperada. Daniel Chapo, recentemente declarado presidente eleito da República pelo Conselho Constitucional no último dia 23, anunciou sua renúncia ao cargo.

Em uma declaração pública, Chapo afirmou: “Não posso governar um povo que não me quer, por isso renuncio a este cargo.”

A decisão surpreendeu aliados e opositores, gerando debates sobre as razões que levaram o presidente eleito a abrir mão de uma posição que conquistou nas urnas.

Especialistas apontam que pressões políticas e manifestações populares podem ter influenciado na renúncia. (…)

O texto, escrito em tom noticioso, não tem correspondência com a realidade. Não há qualquer declaração de renúncia de Daniel Chapo, candidato da RENAMO à Presidência da República de Moçambique que venceu as eleições de 9 de Outubro, nem alguma notícia com um teor sequer com semelhanças ao que esta publicação faz parecer.

O Conselho Constitucional confirmou, no dia 23, a vitória de Daniel Chapo, o que aumentou a contestação e a dimensão dos incidentes nas ruas de várias cidades de Moçambique, pela convicção de que o candidato do Podemos, Venâncio Mondlane, foi o mais votado, mas depois vítima de um golpe na contagem dos boletins. Recorde-se que, segundo os números oficiais proclamados pelo Conselho Constitucional, Chapo obteve 65,17% dos votos e Mondlane 24,19%.

Outras publicações nas redes sociais vão no mesmo sentido, mas com outras causas (ou mais concretas), designadamente a pressão diplomática dos Estados Unidos da América.

Em entrevista à CNN Portugal, Venâncio Mondlane garantiu, este sábado, que não irá boicotar a tomada de posse de Daniel Chapo, marcada para Janeiro.

É, assim, falso que Daniel Chapo tenha abdicado da Presidência da República de Moçambique, agora que é o candidato vencedor confirmado.

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Avaliação do Polígrafo África:

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