“Última hora: Daniel Chapo, em desespero, oferece o cargo de Vice-Presidente a Venâncio Mondlane”, destaca-se numa publicação de 25 de Janeiro no Facebook.
O suposto convite do recém-eleito Presidente da República de Moçambique ao seu adversário político está a ser dado como garantido, através de várias publicações nas redes sociais, partilhadas por milhares de pessoas em Moçambique.
Entre os comentários há quem questione sobre quem é afinal o Presidente “legítimo” de Moçambique, ao passo que outros sublinham que a “oferta” do cargo de Vice-Presidente seria um “acto inconstitucional“.
“Vice-Presidente não. Presidente sim, porque foi eleito pelo povo moçambicano e ganhou eleições. Chapo deve entregar o poder ao legítimo vencedor. Nada de ameaças e assassinatos para governar e se perpetuar no poder. A luta continua até ao fim”, comentou um dos intervenientes na discussão.
Enquanto outro defendeu que “não é Vice-presidente, ele é o Presidente da República e do povo moçambicano”, referindo-se a Mondlane.
Noutro exemplo, alega-se que “isso mostra que há muita ganância pelo cargo por parte de Venâncio Mondlane. Daniel Chapo é jurista de profissão e não vai fazer nada contra a Constituição nem as demais leis vigentes no país. Este cargo não está previsto em nenhum normativo. É mentira, pura mentira, que ele tenha oferecido ao Venâncio Mondlane o cargo referido”.
É verdade que Daniel Chapo ofereceu o cargo de Vice-Presidente de Moçambique a Venâncio Mondlane?
Não. Além de não existir qualquer despacho presidencial ou informação oficial difundida pelo gabinete do Presidente da República sobre o referido convite ou oferta, também não há qualquer notícia de órgão de comunicação social fidedigno que aponte nesse sentido.
Por outro lado, nas suas aparições públicas desde que regressou a Moçambique, no dia 9 de Janeiro, Mondlane tem reiterado a garantia de que não pretende juntar-se ao novo Governo da Frelimo, liderado por Chapo.
Em declarações ao Polígrafo África, o analista político Dércio Alfazema assegurou que a informação posta a circular nas redes sociais não passa de “mera especulação“.
“O conteúdo não contém elementos que possam ser consubstanciados como verdadeiros e a própria fonte não é credível, muito menos séria”, advertiu.
O analista político referiu ainda que “não existe o cargo de Vice-Presidente” na Constituição da República de Moçambique. Como tal, “seria necessária uma revisão constitucional para que depois essa posição pudesse ser negociada”, mas “isto não é algo que possa acontecer de forma tão rápida”.
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Avaliação do Polígrafo África: