O primeiro jornal lusófono
de Fact-Checking

Domingos Simões Pereira aceita abdicar da Presidência do PAIGC para ultrapassar tensões internas?

Política
O que está em causa?
A crise política voltou a afectar o PAIGC, o partido que proclamou a independência da Guiné-Bissau e que lidera a coligação PAI - Terra Ranka, vencedora das eleições legislativas em 2023. Vários membros do Comité Central do partido exigem a realização de um congresso electivo extraordinário e o afastamento de Domingos Simões Pereira que, diz-se nas redes sociais, já terá aceitado sair da liderança.
© Agência Lusa / António Pedro Santos

“Os problemas são imensos no PAIGC e Domingos Simões Pereira já aceitou que deve abandonar a presidência do partido para salvar o pouco de alguma coisa boa que ainda resta do seu legado”, lê-se numa mensagem na plataforma WhatsApp, partilhada no contexto da crise que se instalou no seio do partido.

A situação de crise no Partido Africano da Independência da Guine e Cabo Verde (PAIGC) não é nova, mas adensou-se na semana passada, após um grupo de jovens do partido ter exigido a realização de um congresso extraordinário para “salvar o partido“. Entretanto obtiveram aliados de peso, nomeadamente José Carlos Esteves e Jaimantino Có, ambos do Comité Central do partido.

Em conferência de imprensa convocada para explicar os motivos da tensão interna, José Carlos Esteves sublinhou que o congresso extraordinário é a “única solução diante do que está a acontecer” no PAIGC, tendo advertido que poderão encontrar “mecanismos para convocar o congresso extraordinário”, caso a direcção do partido “não responda” às suas inquietações.

De referir que não é a primeira vez que o PAIGC, sob a liderança de Simões Pereira, se vê mergulhado numa intensa crise política. Em 2014, por exemplo, o partido ficou dividido entre os apoiantes de Simões Pereira e o então Presidente da República, José Mário Vaz, numa crise que levou à demissão de mais de uma dezena de deputados do partido face ao apoio que estes depositaram no então Chefe de Estado, contrariando o presidente do partido. Porém, Simões Pereira resistiu à pressão e manteve-se no cargo.

Confirma-se que entretanto desistiu, aceitando abdicar da liderança do PAIGC?

Não. Ao Polígrafo África, Muniro Conté, membro do Bureau Político e porta-voz do PAIGC, garantiu que “jamais” o presidente do partido admitiu tal hipótese. E tudo o que tem sido dito não passa de “invenção”.

Também num vídeo posto a circular nas redes sociais, o próprio Simões Pereira nega que tenha ponderado abdicar da liderança do PAIGC.

“Não posso abandonar a liderança do partido. Quando se diz a possibilidade de abandonar, a primeira questão é qual é a motivação? Porque há traição interna, porque há desafios internos? Seria um prémio”, disse o líder do PAIGC.

O antigo Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau admitiu que enfrenta uma situação complexa e confessou que esperava que os altos quadros do partido estivessem alinhados. E recordou que foi eleito num congresso e que está pronto para cumprir o mandato.

_______________________________________

Avaliação do Polígrafo África:

Partilhe este artigo
Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn

Relacionados

Em destaque