“Os problemas são imensos no PAIGC e Domingos Simões Pereira já aceitou que deve abandonar a presidência do partido para salvar o pouco de alguma coisa boa que ainda resta do seu legado”, lê-se numa mensagem na plataforma WhatsApp, partilhada no contexto da crise que se instalou no seio do partido.
A situação de crise no Partido Africano da Independência da Guine e Cabo Verde (PAIGC) não é nova, mas adensou-se na semana passada, após um grupo de jovens do partido ter exigido a realização de um congresso extraordinário para “salvar o partido“. Entretanto obtiveram aliados de peso, nomeadamente José Carlos Esteves e Jaimantino Có, ambos do Comité Central do partido.
Em conferência de imprensa convocada para explicar os motivos da tensão interna, José Carlos Esteves sublinhou que o congresso extraordinário é a “única solução diante do que está a acontecer” no PAIGC, tendo advertido que poderão encontrar “mecanismos para convocar o congresso extraordinário”, caso a direcção do partido “não responda” às suas inquietações.
De referir que não é a primeira vez que o PAIGC, sob a liderança de Simões Pereira, se vê mergulhado numa intensa crise política. Em 2014, por exemplo, o partido ficou dividido entre os apoiantes de Simões Pereira e o então Presidente da República, José Mário Vaz, numa crise que levou à demissão de mais de uma dezena de deputados do partido face ao apoio que estes depositaram no então Chefe de Estado, contrariando o presidente do partido. Porém, Simões Pereira resistiu à pressão e manteve-se no cargo.
Confirma-se que entretanto desistiu, aceitando abdicar da liderança do PAIGC?
Não. Ao Polígrafo África, Muniro Conté, membro do Bureau Político e porta-voz do PAIGC, garantiu que “jamais” o presidente do partido admitiu tal hipótese. E tudo o que tem sido dito não passa de “invenção”.
Também num vídeo posto a circular nas redes sociais, o próprio Simões Pereira nega que tenha ponderado abdicar da liderança do PAIGC.
“Não posso abandonar a liderança do partido. Quando se diz a possibilidade de abandonar, a primeira questão é qual é a motivação? Porque há traição interna, porque há desafios internos? Seria um prémio”, disse o líder do PAIGC.
O antigo Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau admitiu que enfrenta uma situação complexa e confessou que esperava que os altos quadros do partido estivessem alinhados. E recordou que foi eleito num congresso e que está pronto para cumprir o mandato.
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Avaliação do Polígrafo África: