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É verdade que “60% da população africana tem menos de 25 anos”, como afirmou João Lourenço em Bruxelas?

Política
O que está em causa?
O Presidente da República de Angola, João Lourenço, afirmou na noite de quarta-feira, 25 de Junho, durante a Cimeira da Aliança Global de Vacinas (GAVI), em Bruxelas, que “mais de 60% da população africana tem menos de 25 anos”. O Chefe de Estado apelou aos parceiros internacionais para que promovam a transferência de tecnologia para África, sublinhando que o continente é uma fonte de crescimento, precisamente devido à elevada concentração de jovens.
© Agência Lusa / Ampe Rogério

“A juventude africana é uma das maiores reservas de esperança e de renovação para a humanidade. Mais de 60% da população africana tem menos de 25 anos. Enquanto o mundo procura soluções para lidar com o envelhecimento populacional, África representa uma fonte crescente de dinamismo humano, de criatividade e de capacidade produtiva”, declarou João Lourenço, destacando ainda o papel da GAVI na preservação de vidas.

O Presidente angolano, que discursou também na qualidade de Presidente em exercício da União Africana, agradeceu ao presidente da GAVI, o português Durão Barroso, pelo trabalho desenvolvido em prol de África no âmbito do fornecimento de vacinas. Defendeu, no entanto, que o continente deve deixar de ser apenas um receptor e passar a participar activamente, através do acesso e domínio de tecnologia. África representa dinamismo e a continuidade da raça humana, face à sua capacidade de geração de jovens”, sublinhou.

Mas será verdade que “60% da população africana tem menos de 25 anos”?

Os dados disponíveis confirmam que sim. Por exemplo, um relatório do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) indica que mais de 60% da população africana tem, de facto, menos de 25 anos. A Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) prevê ainda que a população jovem no continente deverá crescer para cerca de 138 milhões nos próximos 25 anos.

Contudo, embora os líderes africanos frequentemente destaquem este dado como uma vantagem competitiva e uma oportunidade para um crescimento económico sustentável, nem todos os analistas partilham dessa visão no curto prazo.

Num artigo citado pela Agência Lusa, o fundador do Instituto de Estudos de Segurança (ISS), Jakkie Cilliers, argumenta que esta elevada proporção de jovens só deverá traduzir-se numa vantagem efectiva por volta de 2050. Até lá, considera que este factor representa mais um desafio do que uma oportunidade, tendo em conta o elevado rácio de dependência no continente, que limita, actualmente, o crescimento económico.

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Avaliação do Polígrafo África:

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