“Ao fim de 12 dias, Donald Trump conseguiu paz entre Israel e o Irão. Portanto, foi bom Angola não se ter intrometido, pois já nos foi penoso o ‘irritante’ que vivemos com Israel no passado”, lê-se numa mensagem partilhada na rede social WhatsApp, sem que o autor indique qualquer data concreta para a alegada divergência.
A mensagem surge num contexto de crescente tensão política e militar no Médio Oriente, com Israel no epicentro de muitos dos conflitos, nomeadamente devido à sua posição face à causa palestiniana.
Angola, que mantém relações de cooperação em vários sectores com Israel, tem defendido, no plano diplomático, a criação de um Estado palestiniano independente. Contudo, essa posição não se tem traduzido numa postura abertamente hostil em relação a Israel, ao contrário do que tem sucedido, por exemplo, com a África do Sul.
Mas será verdade que Angola e Israel já atravessaram um período de tensão diplomática?
De acordo com registos históricos e documentos oficiais, sim. O episódio remonta a Dezembro de 2016, na sequência do voto de Angola a favor da Resolução 2334 do Conselho de Segurança das Nações Unidas. A resolução exigia que Israel suspendesse a construção de colonatos em territórios palestinianos ocupados, reafirmando o princípio estabelecido pela Resolução 181 da ONU, de 1947, que previa a partilha daquele território em dois Estados: um judeu e outro árabe.
A reacção de Israel ao voto de Angola foi de grande desagrado. Telavive ameaçou suspender programas de cooperação com Luanda, o que veio efectivamente a acontecer pouco depois. Entre as medidas adoptadas, destacou-se a proibição de visitas de ministros israelitas a Angola e a suspensão de encontros oficiais entre representantes dos dois Estados.
Este episódio, classificado na diplomacia como um “irritante” nas relações bilaterais, não chegou a pôr fim à cooperação entre os dois países, mas representou um dos momentos de maior tensão diplomática no relacionamento entre Luanda e Telavive.
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Avaliação do Polígrafo África: