António Brito Domingos Sozinho, que chefiou missões diplomáticas angolanas na Nigéria, Suécia e noutros países africanos e europeus, faleceu na terça-feira, 17 de Junho, aos 84 anos, vítima de doença, em Lisboa, Portugal.
O Presidente João Lourenço, na nota de condolências publicada nas redes sociais da Presidência da República, sublinhou que Brito Sozinho “se doou desde muito jovem às causas angolanas”.
“Foi com um profundo sentimento de pesar que tomei conhecimento do falecimento do nacionalista Brito Sozinho, cuja trajectória de vida é um exemplo de dedicação e entrega à causa da Pátria angolana”, lê-se na mensagem assinada pelo Chefe de Estado.
Na mesma publicação, um internauta questionou se “os nacionalistas só são os do MPLA”, relançando o debate sobre quem merece, ou não, esse reconhecimento oficial.
Mas será verdade que as autoridades angolanas só reconhecem como nacionalistas os altos quadros do MPLA?
Não. Há registos públicos que contrariam essa ideia. Por exemplo, aquando da morte do deputado da UNITA, Armelindo Jaka Jamba, em 2018, o Vice-Presidente da República, Bornito de Sousa, em nome do Presidente João Lourenço, considerou-o, também, um nacionalista. A mensagem presidencial foi transmitida pela Televisão Pública de Angola (TPA).
Nessa ocasião, o Secretariado do Bureau Político do MPLA reconheceu igualmente o papel de Jaka Jamba, classificando-o como um “ilustre patriota, cidadão convicto e intelectual de mérito reconhecido”.
Já em 2021, quando faleceu o deputado da UNITA Demóstenes Chilingutila, general e antigo vice-ministro da Defesa no quadro do Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN), o ministro da Defesa Nacional e dos Veteranos da Pátria, João Ernesto dos Santos, referiu que Chilingutila foi um “patriota” que “soube interpretar as adversidades do cenário político de Angola, destacando-se pelo seu contributo para a consolidação das Forças Armadas Angolanas”.
Embora a maioria das figuras oficialmente reconhecidas como nacionalistas pertença ao MPLA, há exemplos documentados de reconhecimento, por parte das autoridades, de figuras da oposição com esse estatuto, particularmente da UNITA. A crítica recorrente de que apenas os “camaradas” são exaltados como nacionalistas pode reflectir mais uma percepção pública do que uma regra institucional.
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