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É verdade que foi afastado todo o corpo directivo do Hospital Geral de Luanda “há dois ou três anos”, como afirmou o sociólogo José Fernandes?

Sociedade
O que está em causa?
Na mais recente edição do programa Revista Zimbo, o sociólogo José Fernandes afirmou que, há alguns anos, a direcção do Hospital Geral de Luanda (HGL) foi afastada, alegadamente na sequência de um inquérito sobre casos de negligência médica registados naquela unidade hospitalar. Mas será verdade?

A declaração surge no contexto da polémica gerada após a divulgação de um vídeo, nas redes sociais, que mostra alegados maus-tratos a um paciente no HGL. O caso, ocorrido na passada terça-feira, 24 de Junho, levou o Governo Provincial de Luanda (GPL) a anunciar a abertura de um inquérito para “averiguar os factos relacionados com o possível abandono e falha na assistência ao referido paciente”.

A decisão do GPL foi um dos temas em análise na Revista Zimbo, emitida no domingo, 29 de Junho. Durante a sua intervenção, José Fernandes afirmou que, nos últimos anos, a direcção do HGL já tinha sido afastada, precisamente devido a problemas relacionados com desumanização no atendimento prestado na instituição.

“O Hospital Geral de Luanda, por exemplo, já demitiu há dois ou três anos toda a direcção médica que estava lá. Será que vamos ter uma situação igual? Mas será que a solução passa por aí? Não, não passa por aí”, declarou o sociólogo.

José Fernandes defendeu, ainda, reformas “urgentes” no sistema de saúde pública em Angola, sublinhando que o nível de “desumanização” nos serviços hospitalares é “insuportável” e “inadmissível”.

“Nós, enquanto país, enquanto cidadãos, não podemos permitir que uma instituição pública, que deve cuidar de quem está doente, trate uma pessoa daquela maneira. Estamos a viver um quadro de desumanidade muito profundo. E esse quadro não pode existir num sector tão estratégico e crucial como é o da saúde”, sublinhou.

Para o sociólogo, a melhoria do sistema de assistência à população passa, “fundamentalmente”, pelo reforço da rede primária e secundária de saúde, nomeadamente dos postos e centros médicos.

Afinal, é verdade que a antiga direcção do HGL foi afastada há três anos?

Sim. A afirmação do comentador é verdadeira. Em 2022, na sequência da abertura de um inquérito para apurar a morte da paciente Angélica Morais, de 42 anos, ocorrida nos serviços de urgência do HGL, o então governador provincial de Luanda, Manuel Homem, exonerou, em Janeiro de 2023, toda a direcção do hospital.

Importa sublinhar que este não é um caso isolado. Existem registos de outros episódios associados a alegada negligência médica no HGL. Em Dezembro de 2023, por exemplo, a direcção da unidade hospitalar suspendeu uma médica após a morte de um paciente de 15 anos, também por suspeita de negligência no atendimento.

Mais recentemente, em Março deste ano, o Ministério da Saúde (MINSA) expulsou seis profissionais por má prática médica, entre os quais três médicos, dois enfermeiros e uma médica em formação.

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Avaliação do Polígrafo África:

 

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