“PRA-JA Servir Angola abandona a Frente Patriótica Unida (FPU) e vai concorrer sozinho nas eleições de 2027”, lê-se numa publicação no Facebook. Noutro post da mesma rede social acrescenta-se que “os dirigentes da UNITA terão tomado conhecimento da decisão do PRA-JA apenas através da televisão, rádio ou redes sociais”.
Os comentários nas várias publicações dividem-se entre os que apoiam a alegada decisão e os que criticam duramente Abel Chivukuvuku, presidente eleito do PRA-JA.
Importa recordar que a Frente Patriótica Unida (FPU) é uma plataforma política informal que congrega elementos da sociedade civil, o PRA-JA, o Bloco Democrático e a UNITA, sendo esta última a entidade com enquadramento legal. A FPU foi criada em 2021, numa altura em que o PRA-JA lutava há três anos pela sua legalização junto do Tribunal Constitucional. Na época, vários analistas interpretaram a aceitação por parte de Abel Chivukuvuku em integrar a plataforma como um reflexo da ausência de um partido político formal.
A primeira experiência eleitoral da FPU, sob a égide da UNITA, nas eleições de 2022, revelou-se positiva para os seus proponentes. O MPLA perdeu a maioria qualificada que lhe permitia, por exemplo, alterar a Constituição da República, e a UNITA obteve o melhor resultado eleitoral da sua história, com a eleição de 90 deputados num total de 220 assentos na Assembleia Nacional.
Tendo em conta esses resultados inéditos, a possibilidade de saída do PRA-JA da FPU está a provocar desconforto em diversos sectores. Há quem veja Abel Chivukuvuku como um traidor ao serviço do MPLA, como se pode constatar em várias publicações nas redes sociais.
Mas confirma-se que o PRA-JA optou por não voltar a concorrer coligado com a UNITA?
Sim. Além de um discurso de Abel Chivukuvuku que pode ser interpretado nesse sentido, o documento de Constatações e Resoluções produzido pelo congresso do partido não deixa margem para dúvidas quanto à posição dos delegados.
“O Congresso deliberou que, no contexto actual, em que [o PRA-JA] é um partido soberano, não pode aceitar quaisquer acordos que impliquem o princípio da agregação [a outra formação política], considerando apenas a eventualidade de participação numa coligação formal”, refere o documento aprovado pelos congressistas.
Além desta deliberação, os delegados orientaram ainda a Direcção do partido no sentido de “contribuir para um ambiente de harmonia entre todos os angolanos, independentemente da filiação partidária, origem étnica ou crença religiosa”, e autorizaram o presidente do PRA-JA a “encetar concertações necessárias para garantir a alternância positiva, ordeira e pacífica”.
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Avaliação do Polígrafo África: