Um grupo de cidadãos da diáspora bissau-guineense em França apresentou uma queixa à polícia local contra o consulado da Guiné-Bissau e alguns elementos ligados ao corpo de segurança do Presidente Umaro Sissoco Embaló, que se encontrava em visita de Estado de quatro dias a França, tendo igualmente participado da reabertura da emblemática Sé Catedral “Notre Dame”.
O grupo de queixosos alega ter sido convidado pelo Consulado Geral da Guiné-Bissau em Paris, para participar num encontro entre a comunidade bissau-guineense e o Chefe de Estado Embaló.
Os mesmos que se dizem vítimas do corpo de segurança do Presidente, confessam terem mantido a expectativa de poderem confrontar Sissoco Embaló com a situação política do país, mas não tiveram sucesso.
De acordo com uma notícia da RFI, Olívio Barreto, um cidadão bissau-guineense, a quem o Chefe de Estado teria recusado apertar a mão, por supostamente este o criticar nas redes sociais, denunciou ter sido empurrado e agredido, até ser retirado da sala, por Iaia Camará, um dos agentes de segurança de Umaro Sissoco Embaló.
Pascoal Melo e Nheta Danfa são os outros dois cidadãos que denunciam o espancamento que supostamente teriam sofrido.
Questionado a propósito, já em Bissau, precisamente no Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, Umaro Sissoco Embaló defendeu que se existiu ameaças de agressão à sua pessoa, os seus seguranças “fizeram bem” em actuar daquela forma.
“O meu corpo de segurança tem como papel proteger o Presidente da República. Mesmo nos Estados Unidos da América se levantares a mão [diante do Presidente da República] és logo alvejado a tiro”, sublinhou Umaro Sissoco Embaló.
Mas será verdade que nos EUA a segurança põe-se a disparar sempre que alguém protesta com veemência contra o Presidente?
Não. Por exemplo, em 2008, em reacção à então invasão norte-americana contra o Iraque, ocorrida em 2003, um jornalista iraquiano atirou sapatos ao então Presidente dos EUA, George Bush “filho”, como forma de protesto.
O ataque ao então Chefe de Estado norte-americano ocorreu numa altura em que Bush realizava uma conferência de imprensa na sequência de sua visita àquele país do Médio Oriente.
Durante a conferência de imprensa, o jornalista Zaidi chamou Bush de “cão” e disse que seus sapatos seriam um “beijo de adeus” dos iraquianos que haviam sido mortos, ficado órfãos ou perdido seus parceiros desde o início da invasão comandada pelos Estados Unidos da América.
“Senti o sangue dos inocentes no meu pé no momento em que ele (Bush) sorria dizendo ter vindo se despedir do Iraque”, dissera o jornalista.
Zaidi, entretanto, não foi alvo de tiro, foi detido e sentenciado a três anos de prisão, mas meses depois, viu sua pena reduzir para um ano de prisão.
Por outro lado, em diferentes legislações, inclusive a americana, mais graves do que protestos, são as ameaças de morte contra os Presidentes em exercícios, mas ainda assim não há registo de que protagonistas de ameaças verbais à vida de Chefes de Estado americanos tenham sido alvos de disparos de arma de fogo sem que tenham oferecido resistência à detenção.
Em 2021, um jovem de 27 anos da Carolina do Norte chegou a ser detido por “intencionalmente fazer ameaças de tirar a vida e infligir danos corporais ao Presidente” Joe Biden.
Um outro homem, de 39 anos de idade, da Florida, foi detido em Julho deste ano, também por fazer ameaças de morte contra o Presidente Joe Biden.
Entretanto, face à constatação com base em factos, atribuímos selo “Falso” à afirmação do Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, de que nos EUA quem se levanta contra o Presidente “é logo alvejado a tiro”.
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Avaliação do Polígrafo África: