“[O seguro] está relacionado com a própria legislação e com a obrigatoriedade. Posso dar um exemplo: o seguro automóvel é obrigatório. Podemos constatar que não passam dos 20% as viaturas que têm seguro no nosso país”, afirmou Márcio Canumbila, na edição de 30 de Junho do Girassol Debate.
Relativamente às medidas necessárias para reverter o actual cenário do mercado segurador, o responsável apontou como prioritárias as campanhas de sensibilização sobre a importância do seguro e a simplificação da linguagem técnica utilizada no sector.
“Devemos trabalhar muito mais a literacia financeira, para que as pessoas entendam e percebam a importância de ter um seguro. A linguagem do seguro é muito específica. É importante simplificá-la, para que as pessoas compreendam o seu real sentido e propósito”, reforçou.
A afirmação é verdadeira?
Os dados disponíveis confirmam a afirmação do PCE da Mundial Seguros. Em 2024, a Associação de Seguradoras de Angola (ASAN) estima que a taxa de penetração do seguro automóvel obrigatório no país é de apenas 18%.
De acordo com a ASAN, existem cerca de 2 milhões de viaturas em circulação no país, das quais apenas 366 mil possuem seguro obrigatório, o que significa que apenas um em cada cinco veículos está segurado.
No ano passado, a Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG) promoveu uma consulta pública à Proposta de Decreto Presidencial sobre o Seguro Obrigatório de Responsabilidade Civil Automóvel (SORCA). Entre as medidas em análise, destaca-se a intenção de alargar a obrigatoriedade do seguro às viaturas do Estado, com excepção dos veículos afectos aos órgãos de defesa e segurança.
Apesar dos esforços do Executivo para elevar a contribuição do sector segurador para 3% do Produto Interno Bruto (PIB) — alinhando-se com a média da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) —, o impacto do sector em Angola continua muito aquém desse objectivo, fixando-se actualmente em apenas 0,6% do PIB.
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Avaliação do Polígrafo África: