No vídeo amplamente partilhado na rede social Facebook, é possível observar dois indivíduos a conversar diante de um imponente edifício, quando uma voz feminina irrompe, dirigindo-lhes insultos e acusando-os de serem ladrões que estão a prejudicar a Guiné-Bissau, juntamente com o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló. Enquanto a mulher continua a proferir ofensas, um jovem aproxima-se por trás de um dos indivíduos e atira-lhe uma grande quantidade de pó sobre a cabeça.
O incidente gerou uma grande controvérsia na Guiné-Bissau. Alguns, insatisfeitos com o Governo e com o Presidente, elogiaram o ataque, enquanto outros manifestaram indignação, considerando-o uma agressão injustificável. Alguns internautas chegaram mesmo a afirmar que os guineenses precisam de ser governados com “dureza”, apontando este episódio como justificação plausível para essa posição.
Mas será verdade que um embaixador da Guiné-Bissau foi alvo desta agressão na Suíça?
Sim, trata-se do diplomata Hélder Vaz, embaixador da Guiné-Bissau na Bélgica, como confirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros e das Comunidades bissau-guineenses, Carlos Pinto Pereira. O ministro sublinhou que o embaixador em Bruxelas se deslocara a Genebra, Suíça, no âmbito das suas funções.
“O embaixador foi agredido por um compatriota da Guiné-Bissau que não tem noção de convivência sã entre pessoas da mesma terra, sobretudo num país estrangeiro. Naturalmente, expressamos a nossa total solidariedade ao embaixador e desejamos-lhe força na sua missão ao serviço da Guiné-Bissau e do seu povo”, declarou Carlos Pinto Pereira.
O ministro apelou ainda às comunidades bissau-guineenses no estrangeiro para que adoptem uma postura civilizada sempre que pretendam protestar contra as autoridades do seu país.
De referir que desde o impasse político instalado na Guiné-Bissau, face à indefinição sobre o fim do mandato do Presidente Umaro Sissoco Embaló, bem como à incerteza sobre a participação do líder da oposição, Domingos Simões Pereira, nas eleições legislativas e presidenciais previstas para este ano, tem-se registado um aumento de agressões entre agentes da autoridade guineense e os seus concidadãos no estrangeiro.
Por exemplo, no final de Dezembro, o ativista guineense Feliciano Pinto, conhecido pelas suas críticas ao Governo e ao Presidente, foi agredido no bairro das Patameiras, em Odivelas, Portugal, por um grupo de cinco indivíduos alegadamente bissau-guineenses. Segundo a vítima relatou à imprensa, a agressão ocorreu após um longo período de perseguição automóvel.
Ainda no mesmo ano, um grupo de activistas bissau-guineenses em França acusou os seguranças do Presidente Umaro Sissoco Embaló de os terem agredido durante a visita do chefe de Estado a Paris, tendo apresentado queixa às autoridades judiciais francesas. No entanto, o Presidente defendeu os seus seguranças, afirmando que estes apenas o protegeram de um alegado ataque por parte dos activistas.
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Avaliação do Polígrafo África: