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José Miguel: “O país, durante estes 20 anos, registou a construção de 80 mil quilómetros de estradas”. Será verdade?

Sociedade
O que está em causa?
A construção e manutenção de infra-estruturas rodoviárias em Angola tem sido um tema recorrente desde a assinatura da paz, em 2002. Para analisar o estado actual do sector, a TV Zimbo promoveu recentemente um debate, no qual o engenheiro José Miguel afirmou que, nos últimos 20 anos, o país “ganhou 80 mil quilómetros de estrada”. Mas será esta declaração verdadeira?

No programa Debate Livre, José Miguel reconheceu que ainda há muito a fazer no domínio das infra-estruturas, mas sublinhou o esforço do Governo angolano na edificação de equipamentos sociais ao longo das últimas duas décadas. No sector da habitação, destacou a construção de mais de 350 mil residências, distribuídas por centralidades, urbanizações e projectos de habitação social.

Quanto aos transportes, o Miguel apontou progressos assinaláveis, como a construção, reabilitação e apetrechamento de infra-estruturas, salientando a existência de 19 aeroportos em todo o território nacional.

Mas e relativamente às estradas? Confirma-se o número de 80 mil quilómetros?

Sim. A declaração de José Miguel está alinhada com dados oficiais. Recentemente, o secretário de Estado para as Obras Públicas, Urbanismo e Habitação, Manuel José da Costa Molares, apresentou o actual quadro rodoviário do país, revelando que, ao abrigo do Programa Nacional de Infra-estruturas Rodoviárias, foram construídos e reabilitados mais de 79 mil quilómetros de estradas em Angola.

Do total da rede rodoviária, cerca de 27.600 km pertencem à categoria de Estradas Nacionais e 51.700 km integram as Estradas Municipais e Especiais. Porém, apenas 12.000 km (cerca de 43,7% das Estradas Nacionais) estão asfaltados.

Apesar destes avanços, estudos recentes alertam para fragilidades no sector. Um diagnóstico revelou que 35% dos pavimentos avaliados (num universo de 10.120 km) encontram-se em estado de ruína, enquanto mais de 60% das vias reabilitadas já atingiram ou ultrapassaram a sua vida útil estimada de 10 anos.

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Avaliação do Polígrafo África:

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