O vídeo é autêntico e retrata a execução de várias pessoas, mulheres e crianças, por um grupo de homens com farda militar. A partir das imagens – chocantes – não se consegue identificar o país de origem, mas em várias publicações nas redes sociais garante-se que terá sido em Angola.
“Ditador comunista de Angola, amigo de Lula da Silva e a quem ele mandou bilhões pelo BNDES, executando cobardemente cristãos, até crianças”, acusa-se numa dessas publicações.
Na qual se pretende associar o regime de João Lourenço em Angola ao regime de Lula da Silva no Brasil, apelando a que “principalmente não esqueça que o Governo comunista do PT [Partido dos Trabalhadores, no Brasil] apoiou este ditador de Angola. Não esqueça disso, pelo menos em nome destes cristãos mortos pela ditadura Angolana, apoiada pelos comunistas brasileiros”.
Através de ferramentas de análise apuramos que este vídeo começou a ser difundido nas redes sociais em Julho de 2018. Nessa altura dizia-se que seriam militares de outro país africano, Camarões, a perpetrar tais execuções extrajudiciais.
O Governo de Camarões começou por classificar o vídeo como uma “notícia falsa”, resultante de uma “manipulação terrível“. No entanto, “fontes da segurança do país disseram à AFP na época que a paisagem vista na gravação indicava que esta poderia ter sido filmada em uma zona montanhosa da região do Extremo Norte de Camarões”, recorda a AFP Checamos, em artigo de verificação de factos sobre o vídeo.
“Posteriormente, esta tese foi reforçada por uma investigação da Amnistia Internacional. Analisando as armas, os diálogos e os uniformes vistos no vídeo, a organização não governamental considerou haver fortes indícios de que os responsáveis pelas execuções eram soldados de Camarões“, informa.
No dia 10 de Agosto de 2018, o porta-voz do Governo de Camarões anunciou mesmo que sete militares camaroneses tinham sido detidos no âmbito de uma investigação sobre as execuções retratadas no vídeo.
Por outro lado, o Ministério da Comunicação assegurou “a vontade do chefe de Estado em garantir que atrocidades que possam ter sido cometidas por alguns soldados perdidos sejam sistematicamente investigadas e, se necessário, que as sanções apropriadas sejam aplicadas“.
Em Junho de 2019, o Ministério da Defesa disse à AFP que os sete soldados camaroneses detidos seriam “julgados num tribunal militar por participação conjunta em assassinato, violação de regulações e conspiração para cometer estes crimes”.
Mais recentemente, em Setembro de 2020, foi noticiado que quatro dos soldados foram condenados a penas de prisão de 10 anos, pela participação no assassinato de duas mulheres e duas crianças. As execuções foram captadas naquele vídeo em 2015, o qual só foi divulgado três anos depois nas redes sociais.
Em suma, não tem qualquer relação com Angola.
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Avaliação do Polígrafo África: