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Estados Unidos “ameaçam intervenção militar” em Moçambique “caso a Frelimo não abandone o poder”?

Política
O que está em causa?
O suposto comunicado, alega-se no Facebook, "veio após meses de esforço crescente entre Washington e Maputo, agravado por declarações de transparência de direitos humanos, corrupção sistémica e a recusa da Frelimo em aceitar os resultados das últimas eleições, consideradas fraudulentas por observadores internacionais".

“Num movimento sem precedentes, os Estados Unidos da América anunciaram nesta manhã [28 de Novembro] que poderão declarar guerra à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), caso o partido não ceda o poder e promova uma transição democrática imediata”, lê-se neste post do Facebook que está a suscitar dúvidas e pedidos de verificação.

O autor da publicação refere que a suposta decisão dos EUA resultou do alegado facto de Washington ter iniciado uma negociação com Maputo, visando levar a Frelimo, partido que governa Moçambique desde a independência do país em 1975, a observar a verdade eleitoral, tendo recebido uma resposta negativa.

A ameça de intervenção militar, de acordo com a publicação, foi feita numa conferência de imprensa, em que a Casa Branca terá declarado que “o povo de Moçambique merece viver sob um Governo democrático e transparente“.

“Se a Frelimo continuar a abusar da sua posição de poder e rejeitar os apelos internacionais por mudanças, os Estados Unidos não hesitarão em tomar medidas drásticas para restaurar a democracia”, terá sublinhado.

Mas será verdade que os EUA ameaçaram intervir militarmente em Moçambique?

Juntamente com outras nações, os EUA já emitiram dois pareceres sobre a presente situação de Moçambique. A primeira intervenção foi feita a 6 de Novembro, tendo em declaração conjunta as Embaixadas dos EUA, do Alto Comissariado Britânico, do Alto Comissariado do Canadá, da Noruega e da Suíça em Moçambique apelado à contenção entre as partes, “respeitando o Estado de Direito e a vida humana”.

No dia 28 de Novembro, as mesmas representações diplomáticas em Moçambique emitiram outra declaração conjunta, através da qual condenaram “veementemente a escalada da violência contra civis durante o período pós-eleitoral em Moçambique”.

O incidente do dia 27 de Novembro, em que um veículo militar acelerou em direcção a um grupo de pessoas e atropelou uma delas, também foi referido.

No entanto, além dessas intervenções, não há registo de uma qualquer declaração oficial em que os EUA tenham ameaçado intervir militarmente contra o Governo moçambicano.

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Avaliação do Polígrafo África:

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