“Nós somos o banco que concede mais crédito à economia angolana. Mais do que o BAI, mais do que o BFA, mais do que os outros bancos. Por isso, acho que devíamos ser respeitados, devíamos ser acarinhados, deviam ter em atenção que estamos a arriscar mais do que os outros”, afirmou o bancário e também produtor agrícola, numa entrevista publicada no jornal Expansão na sexta-feira, 13 de Junho.
Durante a conversa, Teles, com quase seis décadas de experiência no sector bancário, mostrou-se descontente com o que considera ser um tratamento desigual por parte das autoridades. O banqueiro sublinhou que, no primeiro trimestre do ano, o BIC não teve acesso às divisas vendidas por duas instituições públicas financeiras do mercado angolano.
“Percebo que se façam operações com o banco A ou o banco B, mas não pode ser tudo. Isso pode destruir uma instituição como a nossa. Tenho aqui um mapa de Janeiro a Março: o Banco BIC, em quase 600 milhões de dólares de venda de divisas, comprou zero. E foram operações organizadas pelo Ministério das Finanças e pelo Banco Nacional de Angola”, declarou, acrescentando que aceitaria essa exclusão se se tratasse apenas de vendas provenientes do sector petrolífero.
O banqueiro confirmou ainda que Isabel dos Santos, empresária em litígio com as autoridades judiciais angolanas, continua a deter 42,5% das acções do BIC e participa regularmente nas assembleias gerais da instituição.
Mas o BIC é mesmo o banco que mais crédito concede à economia angolana?
A afirmação de Fernando Teles é verdadeira. O Banco BIC, que integra a lista dos cinco maiores bancos comerciais a operar em Angola, lidera, há vários anos, o ranking de concessão de crédito à economia nacional. Esta posição é confirmada na 19.ª edição do estudo Banca em Análise 2025, elaborado pela consultora internacional Deloitte, bem como no Relatório e Contas do próprio Banco BIC, referente ao exercício de 2024.
Em 2024, por exemplo, o banco registou uma carteira global de crédito concedido a clientes — incluindo crédito por assinatura — no valor de 1,2 biliões de kwanzas. Deste montante, 84% corresponde a crédito concedido a empresas, enquanto os restantes 16% dizem respeito a clientes particulares.
Segundo a consultora Deloitte, o BFA ocupa a segunda posição no ranking dos bancos com maior volume de crédito concedido, registando um crescimento expressivo nesse segmento. Já o BAI — o maior banco em activos — surge na terceira posição.
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Actualização: Por lapso, indicámos que o Banco BIC havia concedido, em 2024, um total de 1,6 mil milhões de kwanzas em crédito, aquando da publicação deste fact-check na manhã de ontem, 16 de Junho. No entanto, após verificação suplementar, procedemos à correcção da informação às 06h41 de hoje, 17 de Junho. O valor correcto, de acordo com o Relatório e Contas do Banco BIC referente ao exercício de 2024, é de 1,2 biliões de kwanzas.
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Avaliação do Polígrafo África:
