Após a morte de Jeremias Ekundi Thicúlia, conhecido no mundo artístico como Mano Chaba, ocorrida em Janeiro de 2025, na sequência de um afogamento na praia da Ilha de Luanda, começaram a circular nas redes sociais alegações de que terá sido homenageado com a inauguração de uma escultura em Portugal.
“Mano Chaba foi homenageado em Portugal”, lê-se na legenda de uma publicação amplamente partilhada no Facebook. Com milhares de visualizações e comentários, o post é acompanhado por uma imagem que supostamente mostra um busto – mas que tem sido referido como estátua -, erguido em honra ao artista que se destacou no género musical kuduro.
As reacções nas redes sociais dividiram opiniões. Se, por um lado, muitos internautas reagiram com emoção e orgulho, outros mostraram-se cépticos quanto à veracidade da informação.
“O nosso muito obrigado pela atenção dispensada! O povo angolano agradece. Eterno Mano Chaba”, comentou um utilizador na referida publicação.
“Podemos discutir até ao fim do mundo. Este não é o Mano Chaba. O angolano gosta de acreditar em tudo”, refutou outro interveniente, colocando em causa a autenticidade da imagem.
A imagem é real?
A resposta é não. A imagem que acompanha a publicação não corresponde a um busto verdadeiro. Através de uma pesquisa reversa de imagens verifica-se que resulta de uma criação digital gerada por Inteligência Artificial.
Além disso, não existe qualquer registo oficial sobre tal homenagem. Na página oficial do rapper Deezy – que geria a carreira de Mano Chaba – não há qualquer menção a uma estátua ou busto em Portugal, nem a qualquer homenagem do género.
Natural do bairro Paraíso, no município de Cacuaco, em Luanda, Mano Chaba conquistou o público angolano com temas como “Sonhos”, “Regra do Jogo” e “Menino de Rua”, tornando-se uma figura carismática do kuduro. O seu falecimento precoce gerou uma onda de comoção, tendo sido lembrado por fãs e colegas como um símbolo de superação e talento vindo das comunidades periféricas da capital angolana.
A suposta homenagem em Portugal, contudo, não passa de um boato amplificado pelas redes sociais – e sustentado por uma imagem manipulada, sem qualquer base factual.
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Avaliação do Polígrafo África: