Além da diminuição relativa da confiança nas Forças Armadas, o estudo do Afrobarómetro revela uma queda significativa da confiança dos cidadãos no Presidente da República, no Primeiro-Ministro, na Assembleia Nacional e até mesmo na Comissão Nacional de Eleições.
O documento também analisa as relações entre o Presidente da República, José Maria Neves, e o Primeiro-Ministro, Ulisses Correia e Silva. Para 35% dos inquiridos, a relação é “muito tensa”, ao passo que 46% atribuem responsabilidade pelos conflitos a ambos. “Os conflitos institucionais afectam directamente a percepção pública sobre essas figuras e, consequentemente, sobre a democracia. As condições de vida deterioradas agravam essa desconfiança”.
A insatisfação quanto ao desempenho do Governo, segundo o estudo, é “ampla” e inclui áreas económicas e sociais. Para 91% dos inquiridos é “insatisfatória” a gestão dos preços, 83% avaliam negativamente a política de criação de empregos e 78% criticam acções voltadas para a melhoria das condições de vida dos mais pobres.
Na área social, a situação é igualmente crítica: 67% dos participantes desaprovam a gestão da saúde pública e 53% reprovam a actuação do Governo no sector da educação, um aumento significativo.
Em comparação com os dados recolhidos em 2022, o desemprego permanece como o maior problema identificado pela população, sendo apontado por 55% dos inquiridos. A saúde ocupa o segundo lugar, com 51% das menções, reflectindo uma preocupação crescente com o sistema de saúde público.
Apesar das críticas, o Ministério da Saúde e as Forças Armadas continuam a ser as instituições mais confiáveis, com 50% e 54% de confiança, respectivamente.
O inquérito do Afrobarómetro foi conduzido em quatro ilhas — Santiago, São Vicente, Santo Antão e Fogo —, abrangendo 1.200 pessoas. A margem de erro é de 3%, com um nível de confiança de 95%.