“Angola é o segundo país mais fértil [do mundo], segundo as estatísticas”, afirmou Gabriel Boaventura, consultor do secretário de Estado para a Educação Pré-Escolar do Ministério da Educação, quando falava sobre as vicissitudes do sistema de ensino no país.
Boaventura proferiu estas declarações no programa “Debate Livre”, da estação de televisão angolana Zimbo, subordinado ao tema “Desvio e Contrabando de Livros”. Na sua intervenção, 0 consultor apontou para o “alto” crescimento populacional como o “calcanhar de Aquiles” relativamente à eficácia dos programas gizados pelo Ministério da Educação.
“A população estudantil cresce de maneira exponencial, mas as infra-estruturas não têm como crescer na mesma dimensão”, sublinhou.
Mas confirma-se que “Angola é o segundo país mais fértil” do mundo?
Não. Os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), referentes ao ano de 2023, colocam Angola na quarta posição entre os países com maior taxa de fertilidade ao nível mundial (pode consultar aqui).
No que diz respeito às leis e regulamento que garantem o acesso a cuidados de saúde sexual e reprodutiva, Angola está em linha com a média mundial (62% e 76%, respectivamente), mas bastante abaixo dos índices de cobertura dos serviços de saúde (39% face a 68%).
Angola regista também uma elevada percentagem de população jovem, com 45% da população com idades entre 0 e 14 anos (25% ao nível mundial), enquanto apenas 3% dos angolanos têm mais de 65 anos (10% na média mundial).
De acordo com o documento da ONU, a estimativa da população angolana para 2023 é de 36,7 milhões de pessoas. Avalia também a velocidade a que duplica a população – no caso de Angola acontecerá a cada 23 anos (76 ao nível mundial).
Em suma, carimbamos com o selo de “Falso” a afirmação de Boaventura.
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Avaliação do Polígrafo África: