A acusação gerou forte polémica nas redes sociais, onde vários internautas questionaram a coerência de José Chiwale, alegando que este teria apoiado a candidatura de Abel Chivukuvuku à presidência da UNITA durante o X Congresso Ordinário do partido, realizado em 2007, no qual Chivukuvuku foi derrotado por Isaías Samakuva.
Chivukuvuku, que militou na UNITA durante mais de três décadas e meia, está no centro das discussões sobre o futuro da FPU, plataforma política através da qual a UNITA incorporou o Bloco Democrático, o PRA-JA Servir Angola e membros da sociedade civil. Os resultados eleitorais alcançados pela UNITA em 2022, com base nesta aliança, foram os melhores da sua história e há expectativas de que o partido possa vencer as eleições de 2027 caso volte a concorrer com a mesma configuração.
O anúncio de que o PRA-JA não integrará a FPU nas próximas eleições foi, por isso, recebido com desagrado por dirigentes da UNITA, parceiros da plataforma e sectores da sociedade civil que viam na FPU um instrumento estratégico para a alternância política. A decisão levantou suspeitas de que Chivukuvuku e os seus correligionários no PRA-JA tenham agido em conformidade com um alegado acordo prévio com o Presidente João Lourenço, que teria culminado na legalização do partido após um longo processo judicial.
À margem da mais recente reunião da Comissão Política da UNITA, realizada a 24 de Maio, o general na reforma José Samuel Chiwale afirmou que Abel Chivukuvuku representa um perfil de “traidor“, sugerindo que o antigo dirigente do partido tem vivido de “hecatombe em hecatombe”.
Perante a controvérsia gerada, o Polígrafo África investigou a alegação de que Chiwale teria apoiado Chivukuvuku no X Congresso de 2007. No entanto, não foi encontrado qualquer registo que a confirme.
Contactado pelo Polígrafo África, Ernesto Mulato — histórico militante da UNITA e antigo vice-presidente do partido — desmente categoricamente a alegação, sublinhando que, no referido congresso, José Chiwale manifestou apoio a Isaías Samakuva.
Também em declarações ao Polígrafo África, Evaldo Evangelista, secretário para a Comunicação e Marketing da UNITA, rejeita a ideia de que Chiwale tenha alguma vez apoiado Chivukuvuku: “O único momento em que o mais velho Chiwale esteve próximo de Abel foi em 2011, aquando do Grupo de Reflexão. Mas mesmo nessa altura, no Huambo, o mais velho foi apenas convidado a permanecer na sala da reunião, contrariamente ao Abel”, recordou.
O chamado “Grupo de Reflexão” marcou um dos períodos de maior turbulência interna na UNITA. Composto por quadros alinhados com Chivukuvuku, o grupo acusava a liderança de Samakuva de resistir à convocação do XI Congresso do partido. Em resultado desse facto, foram desencadeadas várias acções de contestação interna.
Na sequência dos acontecimentos, Chivukuvuku, Chiwale e Paulo Lukamba “Gato” participaram numa conferência de imprensa do Grupo, o que levou a direcção do partido a acusá-los de estarem por detrás da iniciativa. Foram então abertos inquéritos internos. Abel Chivukuvuku acabou por ser suspenso durante 45 dias da sua militância, episódio que debilitou a sua posição no seio do partido.
A tensão viria a dissipar-se nos meses seguintes, culminando com a saída de Abel Chivukuvuku da UNITA. Em Abril de 2012, o político anunciou a fundação da CASA-CE, plataforma através da qual se candidataria às eleições legislativas desse ano.
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Avaliação do Polígrafo África: