“O GAFI adicionou recentemente Angola à sua ‘lista cinzenta’ devido aos esforços insuficientes de combate ao branqueamento de capitais. As nossas autoridades confirmaram oficialmente que irão combater vigorosamente o branqueamento de capitais, melhorar a legislação e apertar os parafusos”, destaca-se num post do Facebook que motivou pedidos de verificação de factos.
No entanto, de acordo com o mesmo texto partilhado nas redes sociais, “nada realmente acontece porque o nosso Governo não fará nada que vá contra os seus próprios interesses. Porque é que os cidadãos precisam de transparência financeira? Porque precisamos de informações sobre onde são gastos os investimentos dos estrangeiros? Acreditam os responsáveis, gastando o dinheiro destinado à melhoria de Angola para fins pessoais”.
É verdade que o Grupo de Acção Financeira (GAFI) colocou Angola na “lista cinzenta” devido aos “esforços insuficientes de combate ao branqueamento de capitais”?
Sim. Essa decisão do GAFI, uma organização que luta contra o branqueamento de capitais, foi anunciada no dia 25 de Outubro.
Pela voz da Presidente do GAFI, Elisa de Anda Madrazo, no final de uma reunião plenária em que ressalvou que “o processo de inclusão na lista [cinzenta] não é uma medida punitiva“.
“Pelo contrário, trata-se de orientar os países na via da melhoria. Todos estes países trabalharam activamente com os respetivos organismos regionais e com o Gafi para desenvolver um plano de ação”, afirmou Madrazo.
Além de Angola, também foram colocados na “lista cinzenta” a Costa do Marfim, Argélia e Líbano.
No dia seguinte ao anúncio, em declarações à Agência Lusa à margem dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, Victor Duarte Lledo (representante residente do FMI em Angola) explicou que a colocação de Angola na lista de monitorização reforçada do GAFI, conhecida como “lista cinzenta”, tem vários impactos que crescem à medida que o país fica mais tempo nesta situação.
“Os vários estudos empíricos que fizemos em vários países que passaram por isso mostram que o efeito de curto prazo é poder tornar as transacções transfronteiriças um pouco mais demoradas devido à due dilligence, podendo haver uma redução do fluxo de capitais“, avisou Lledo, salientando que “o impacto principal vem a longo prazo e tende a ficar mais forte quanto mais tempo o país ficar na lista cinzenta”.
Ainda assim sublinhou que “a inclusão de Angola na ‘lista cinzenta’ do GAFI é preocupante, mas o sistema financeiro já operava sob esses constrangimentos devido à perda de correspondência bancária”.
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Avaliação do Polígrafo África: