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Homens armados que incendiaram viaturas em Nhamapaza, província de Sofala, são guerrilheiros da Renamo?

Política
O que está em causa?
Em várias publicações com vídeos nas redes sociais alega-se que os homens armados responsáveis pelo ataque são guerrilheiros do partido Renamo. Verdadeiro ou falso?

Uma das publicações em causa, datada de 8 de Abril e partilhada no Facebook, destaca: “Instabilidade em Moçambique: em Caia, Nhamapaza, a paz está minada. Homens armados incendiaram camiões e fugiram para as matas. Fontes preliminares apontam que se trata de guerrilheiros da Renamo.”

Na secção de comentários, vários utilizadores manifestam preocupação com a segurança no país, considerando que o contexto não é propício para a realização do evento da Tocha da Unidade Nacional, que está a decorrer desde 7 de Abril. Outros, porém, mostram-se cépticos quanto à identificação dos atacantes como membros da Renamo.

“E essa coisa da chama vai ser difícil, porque o país nem está em condições”, escreveu um internauta.

“Homens armados da Renamo? Isso é tudo máfia, senhores. Já sabemos do que são capazes. Isto é para enganar os outros, mas já não somos burros. Quem quiser inalar fumo da chama da unidade, boa sorte”, ironizou outro dos participantes na discussão.

Confirma-se que os homens armados que atacaram e incendiaram viaturas em Nhamapaza são guerrilheiros da Renamo?

A resposta é não. Em declarações ao Polígrafo África, o comandante provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Sofala, Ernesto Madungue, confirmou a ocorrência dos ataques, mas ressalvou que é prematuro associar os autores à Renamo.

“Os seis indivíduos, até então não identificados, intercetaram duas viaturas de transporte de mercadorias. Mandaram parar os condutores e, em seguida, incendiaram os veículos. Uma das viaturas transportava cinco viaturas ligeiras, que também ficaram completamente destruídas pelas chamas”, detalhou Madungue.

Quanto aos rumores que apontam os atacantes como membros da Renamo, Madungue informou: “São indivíduos com idades compreendidas entre os 50 e os 60 anos. Estamos a fazer tudo para localizar e responsabilizar este grupo. Acreditamos que, com o trabalho em curso, poderemos, a posteriori, identificar com precisão quem são estas pessoas.”

Também em declarações ao Polígrafo África, o porta-voz da Renamo, Marcial Macome, afastou completamente o partido de qualquer ligação com os autores dos ataques.

“A Renamo é, hoje, um partido civil, sem qualquer braço armado. Não possuímos armas. Qualquer tentativa de associar este movimento à Renamo é de má-fé”, afirmou Macome.

O porta-voz acrescentou: “Todos nós fomos testemunhas da entrega da última arma pela Renamo. O partido desconhece este grupo e distancia-se completamente dos seus actos.”

Os ataques de 8 de Abril provocaram o pânico entre os automobilistas e condicionaram a circulação naquele troço da EN1. Recorde-se que, entre 2013 e 2018, esta região foi palco de vários confrontos armados entre guerrilheiros da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas.

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Avaliação do Polígrafo África:

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