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Interdição de entrada e repatriamento de activistas nigerianos em Cabo Verde gera indignação nas redes sociais

Política
O que está em causa?
Cinco cidadãos nigerianos foram deportados de Cabo Verde na semana passada, após permanecerem retidos durante três dias no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na ilha do Sal. Os advogados do grupo, composto por intelectuais e activistas, denunciaram várias irregularidades no processo e anunciaram a intenção de avançar com uma queixa-crime contra o Estado cabo-verdiano.
© Shutterstock

A decisão dos serviços de emigração de negar a entrada a Abimbola Ogumdairo, mestre em Desenvolvimento Internacional, escritora e activista; Jesutomi Aina, engenheiro de software sénior; David James Udoh, designer de marcas e director de arte; Oghenero Adaware, engenheiro de software; e Lily Dada, especialista em marketing digital e empreendedora — alguns dos quais já haviam visitado Cabo Verde anteriormente — desencadeou uma onda de indignação nas redes sociais no país.

Para diversos utilizadores, a actuação das autoridades configura um acto de discriminação racial e coloca em causa a livre circulação de pessoas e bens no espaço da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), da qual tanto a Nigéria como Cabo Verde são membros.

Apesar de não ter feito críticas directas à decisão, o Presidente da República, José Maria Neves, recorreu à sua página na rede social Facebook para deixar um recado às autoridades. Sublinhou que, tendo em conta os objectivos estratégicos do país — nomeadamente a sua ambição de se tornar um centro internacional de prestação de serviços e a sua inserção competitiva na CEDEAO —, é essencial “cuidar melhor da circulação de pessoas”, evitando “desgastes desnecessários e prejuízos no relacionamento com os outros membros da comunidade regional”.

“Somos, queremos ser, um país de encontro e ponte entre continentes e culturas. Os serviços fronteiriços devem estar à altura dos propósitos estratégicos do país”, escreveu o Chefe de Estado.

Vários cidadãos partilham da posição do Presidente, apelando a uma mudança de postura por parte das autoridades competentes.

Em resposta à controvérsia, a Direcção de Estrangeiros e Fronteiras (DEF) emitiu um comunicado no qual assegura ter cumprido todos os trâmites legais e rejeita de forma categórica as acusações de racismo institucional. Reafirma ainda a garantia de que Cabo Verde é um país “plural e acolhedor”.

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