Em várias publicações nas redes sociais destaca-se que a Internacional Democrata do Centro (IDC-CDI), participante do fórum sobre “O Futuro da Democracia em África”, acusou o Governo angolano de boicote devido ao incidente. Mas será verdade?
Sob o título “Declaração sobre o boicote do Governo angolano ao fórum sobre o Futuro da Democracia em África na cidade de Benguela – Angola”, o documento da IDC-CDI está a ser exibido em algumas dessas publicações, referindo-se ao ocorrido no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro.
Num comunicado datado de 19 de Março, a IDC-CDI expressa “profunda preocupação com os recentes acontecimentos em Angola, especialmente com a detenção injustificada do Presidente da IDC-CDI, Andrés Pastrana”. Embora Ian Khama e Andrés Pastrana tenham conseguido entrar no país após várias horas de retenção, o político moçambicano Venâncio Mondlane e o Vice-Presidente do Senado do Quénia, Edwin Sifuna, foram mesmo impedidos de entrar em Angola.
O fórum, organizado pela UNITA, principal partido da oposição em Angola, motivou ampla cobertura mediática, sobretudo pelos “piores motivos”. Alguns meios de comunicação social caracterizaram o episódio no Aeroporto 4 de Fevereiro como um incidente diplomático provocado por Angola. A imprensa internacional chegou a correlacionar o impedimento de entrada de vários líderes políticos com a recente assumpção de João Lourenço como Presidente em exercício da União Africana (UA), uma vez que o incidente ocorreu no mesmo dia da cerimónia de passagem de pasta da Presidência da organização.
Apesar das reacções internacionais, o Governo angolano ainda não se pronunciou oficialmente sobre a retenção e deportação de líderes políticos estrangeiros, mesmo após o tema ter ecoado nos círculos diplomáticos.
A UNITA tem insistido na defesa da sua imagem perante os seus convidados. No dia 19 de Março, o partido incentivou os políticos deportados a processarem Angola e exigiu um pedido de desculpas por parte de João Lourenço.
Mas será verdade que a IDC-CDI acusou mesmo Angola de boicote ao evento?
Sim, é verdade que a IDC-CDI emitiu uma nota a acusar o Governo angolano de boicote. Num documento publicado na sua página oficial do Facebook, no dia 18 de Março, a organização manifestou descontentamento face às acções das autoridades angolanas.
“A detenção do Presidente Pastrana e de outros ex-presidentes, incluindo Ian Khama, do Botswana, e Moeketsi Majoro, do Lesoto, bem como do Primeiro Vice-Presidente de Zanzibar, Othman Masoud, além de outros líderes políticos e figuras de relevo, sem qualquer explicação, não foi apenas uma violação dos seus direitos fundamentais, mas também um ataque aos princípios democráticos que deveriam pautar as relações internacionais com organizações multilaterais”, lê-se no texto.
A IDC considera “alarmante que, num país como Angola, cujo Chefe de Estado detém a presidência rotativa da União Africana, uma organização que promove a democracia e a boa governação, tenham ocorrido restrições tão severas à liberdade de expressão e ao livre intercâmbio de ideias”.
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