Na manhã desta quarta-feira, 30 de Abril, ao discursar perante empresários egípcios com interesses em vários sectores de actividade, o Chefe de Estado angolano sublinhou a importância de aprofundar os laços de amizade e cooperação entre os dois países. Lamentou, contudo, o facto de, apesar de as relações diplomáticas entre Angola e o Egipto se estenderem por quase cinco décadas, a cooperação económica bilateral continuar a ser limitada.
Para ilustrar essa limitação, o Presidente recorreu a dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), segundo os quais, no primeiro trimestre de 2022, o Egipto representou apenas 2,8% das importações angolanas a nível continental. Em 2024, as trocas comerciais entre os dois países situaram-se nos 30 milhões de dólares, de acordo com a embaixadora egípcia em Angola, Neveen El-Husseiny.
Apesar do actual cenário, João Lourenço manifestou expectativas positivas quanto ao futuro da relação económica, apelando aos empresários egípcios para que encarem Angola como uma oportunidade estratégica de investimento, sobretudo no sector agrícola, que, segundo frisou, beneficia de “terras aráveis abundantes, água e um bom clima, sem inverno”.
“Os investidores são livres de escolher os sectores em que pretendem actuar, de acordo com os estudos de viabilidade que realizarem. Têm toda a liberdade para investir onde entenderem. A gama de oportunidades é vasta, desde a agropecuária — não apenas a agricultura — às pescas e à indústria em geral, não se limitando à indústria extractiva. Angola possui recursos minerais diversificados, com elevado potencial de interesse. É também um país com um enorme potencial turístico ainda adormecido e, por esse motivo, talvez esta seja a melhor altura para os primeiros investidores garantirem vantagens competitivas no desenvolvimento do turismo”, afirmou o Presidente, destacando igualmente o sector imobiliário como uma área de grande atractividade, dada a reduzida participação privada actual.
João Lourenço reconheceu, no entanto, a disparidade entre as economias dos dois países, considerando o Egipto uma economia substancialmente mais desenvolvida que a angolana. Expressou, por isso, o desejo de ver Angola, com o apoio de parceiros como o Egipto, trilhar o caminho do progresso económico.
“Dessa parceria entre Angola e o Egipto, quem mais tem a ganhar, sem margem para dúvidas, é Angola. O nosso país precisa de trabalhar — com a vossa ajuda e, naturalmente, com o apoio de outros parceiros — no sentido de, um dia, alcançar o nível de desenvolvimento que o Egipto já atingiu”, declarou o Chefe de Estado.
Em termos de indicadores macroeconómicos, estimativas apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) do Egipto em 2024 rondou os 354 mil milhões de euros, o equivalente a 403,3 mil milhões de dólares. No mesmo período, o PIB angolano foi estimado em cerca de 23 biliões de kwanzas, correspondentes a aproximadamente 24,9 mil milhões de dólares.