Com a cerimónia de investidura, João Lourenço, que substitui o mauritaniano Mohamed Ould Ghazouani, entra para a história como o primeiro Presidente angolano a liderar a União Africana, 49 anos após a adesão do país como Estado-Membro, em Fevereiro de 1976.
A candidatura de Angola foi endossada de forma unânime pela Decisão 28 da 43.ª Sessão Ordinária da Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), realizada a 17 de Agosto de 2023, e contou com o apoio dos Estados Unidos da América, então sob a administração do democrata Joe Biden.
A presidência de João Lourenço enfrentará desafios significativos. Se, até agora, o Presidente angolano se concentrava na resolução de conflitos na África Austral — com destaque para a crise militar na República Democrática do Congo (RDC) e o terrorismo em Cabo Delgado, Moçambique —, agora, na qualidade de autoridade máxima do continente, terá de ampliar o seu foco para além da SADC.
E há muitos conflitos militares para travar e instabilidade causada por grupos terroristas para conter. Por exemplo, até Agosto do ano passado, as autoridades do Burkina Faso haviam perdido o controlo de 60% do território para grupos terroristas, enquanto o Mali cedeu cerca de 40% da sua extensão territorial.
No Sudão, trava-se uma guerra implacável, onde, de acordo com a ONU, não se observam sequer as regras elementares dos conflitos armados, como a protecção de civis.
João Lourenço terá, assim, pela frente uma série de desafios que exigirão uma actuação firme e diplomacia estratégica na liderança da União Africana.