O ainda Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), que deixa a Casa Branca em Janeiro próximo, é aguardado com bastante expectativa em Angola. A visita de Joe Biden estava antes agendada para os dias 13 e 15 de Outubro deste ano, mas acabou por ser suspensa por conta da destruição e mortes provocadas pelos furacões Milton e Helene.
A visita, entretanto, reagendada para hoje, é a primeira de um Chefe de Estado norte-americano em solo angolano desde a independência do país, a acaba por marcar claramente o fim de um período longo de antagonismo recíproco, que se registou durante a Guerra Fria.
Nesse período, os EUA apoiavam política e militarmente a UNITA, em oposição ao Governo angolano (liderado pelo MPLA), este que tinha inclinação ideológica para a antiga União das Repúblicas Soviéticas Socialistas (URSS), então liderada pela Rússia.
Washington reconsiderou ultrapassar as clivagens com Angola precisamente em 1993, dois anos depois da assinatura dos acordos de Bicesse, que tornaram Angola constitucionalmente num Estado democrático e de direito.
Mas apesar do restabelecimento das relações, nenhum Presidente norte-americano chegou a visitar Angola. E nunca a parceria esteve tão intensa como no presente momento.
Contra todas as previsões, no palco da Organização das Nações Unidas, Angola passou a posicionar-se mais frequentemente do lado ocidental. Votou, por exemplo, em Outubro de 2022, a favor da resolução que condena a “tentativa de anexação ilegal” da Rússia de quatro regiões ucranianas. E já manifestou o desejo de rearmar as Forças Armadas com armamento usado pelos países da NATO, descontinuando assim o uso de material militar soviético/russo.
Para os EUA, que têm aumentando sua presença em Angola, o país é um ente estratégico no continente africano.
E nesta visita de três dias Angola, Joe Biden e João Lourenço, de acordo com uma nota da Embaixada dos EUA em Angola, vão manter “conversações sobre infraestruturas, clima, paz regional, segurança, o aprofundamento da democracia e os objectivos económicos comuns”, onde o Corredor do Lobito estará entre os destaques
“Estamos também a trabalhar com Angola para enfrentar uma série de desafios prementes, incluindo o reforço da paz e da segurança no Leste da República Democrática do Congo, o aumento das oportunidades económicas na região e a expansão da cooperação tecnológica e científica. (…) Em 2023, o comércio EUA-Angola ascendeu a aproximadamente 1,77 mil milhões de dólares, o que faz de Angola o nosso quarto maior parceiro comercial na África Subsaariana”, lê-se na nota.
A visita de Biden, destaca a nota, baseia-se na reunião bilateral do Presidente Biden com o Presidente Lourenço há quase exactamente um ano, bem como na segunda Cimeira de Líderes EUA-África que teve lugar em Dezembro de 2022, e na própria visita de João Lourenço nos EUA.