Os decretos executivos assinados pelo novo inquilino da Casa Branca, nos Estados Unidos da América (EUA), no seu primeiro dia de mandato, continuam a causar impacto em todo o mundo. Os angolanos — um dos povos africanos que mais estreitaram relações com os norte-americanos nos últimos quatro anos — não são excepção.
No dia da sua investidura como 47.° Presidente dos EUA, Donald Trump revogou 78 decretos aprovados pelo seu antecessor, Joe Biden. No dia seguinte, 21 de Janeiro, emitiu uma ordem executiva que suspende temporariamente todos os programas de assistência externa dos EUA, durante os próximos 90 dias.
Na fundamentação, a Casa Branca informou que a medida foi adoptada para permitir uma revisão minuciosa, com o objectivo de determinar se os projectos de ajuda externa estão alinhados com os objectivos políticos da nova Administração de Trump.
Falando sobre o assunto numa conferência de imprensa dedicada ao “Estado da Economia” angolana nos últimos 30 anos, o presidente da UNITA não afirmou explicitamente que o projecto do Corredor do Lobito estaria “congelado” ou mesmo “cancelado”, apesar da anulação de vários decretos de Biden e da suspensão dos programas de ajuda externa norte-americana.
“O discurso do Presidente Trump deve ter deixado muita gente com dor de barriga por aqui. O Presidente Trump está a dizer que vai anular todas as deliberações do anterior, está a vender uma América de sonhos. Veja o discurso de Trump: ‘nós, nós e nós’. [Então] é por causa disso que nós, os angolanos, devemos unir-nos e defender o interesse nacional“, sublinhou Adalberto Costa Júnior, considerando ser necessário “derrubar o muro partidário”.
Importa referir que, até ao momento, não se conhece ao certo o alcance das decisões de Trump, nem se algum dos decretos afectam directamente a parceria entre os EUA e Angola no que diz respeito ao Corredor do Lobito.
De acordo com dados citados pela revista “Economia & Mercado”, até Fevereiro do ano passado, o Governo angolano tinha investido 1,9 mil milhões de dólares na reabilitação da linha.
Durante a sua visita a Angola, Biden prometeu um financiamento superior a 560 milhões de dólares. Se for concretizado, elevará os investimentos norte-americanos para cerca de 4 mil milhões de dólares. E além desse montante, Biden garantiu também o interesse de um grupo empresarial em investir cerca de 6 mil milhões de dólares para o funcionamento do Corredor do Lobito.
Entretanto, o primeiro secretário da Embaixada dos EUA em Angola, Anthony Eterno, foi recebido a 23 de Janeiro pelo presidente do Conselho de Administração do Porto do Lobito, Celso Rosas, durante uma visita à empresa portuária do Lobito, com objectivo de conhecer essa infra-estrutura de apoio ao Corredor do Lobito.
Na ocasião, o responsável norte-americano disse que o Corredor do Lobito já é uma realidade, depois de testemunhar a inauguração da sede onde funcionará a Agência de Facilitação de Transporte Tripartida (Angola, Zâmbia e República Democrática do Congo) que vai ter um papel importante no desenvolvimento das relações e trocas comerciais entre estes países.
O alto responsável da Embaixada dos EUA em Angola, Anthony Eterno, reiterou a importância de Angola nas relações com os EUA, além do compromisso com a consolidação do projecto do Corredor do Lobito.
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Avaliação do Polígrafo África: