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Lindo Bernardo Tito diz que João Lourenço exonerou o ministro do Interior e auxiliares porque “exerciam serviço público em benefício pessoal”. Confirma-se?

Política
O que está em causa?
Na última edição do programa "Revista Zimbo’, da estação televisiva angolana Zimbo, o antigo deputado da coligação eleitoral CASA-CE, Lindo Bernardo, disse que o Presidente da República, João Lourenço, terá justificado a exoneração do ministro do Interior e respectivos auxiliares porque "exerciam o serviço público em benefício pessoal e não da colectividade".

“O Presidente da República [João Lourenço] disse com frontalidade o porquê que alguns dignitários do regime foram exonerados”, assegurou Lindo Bernardo Tito, ex- deputado à Assembleia Nacional de Angola pela Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), no domingo, 17 de Novembro, em comentário político no programa “Revista Zimbo”.

“Refiro-me aqui ao ministro do Interior e os seus secretários de Estado. Os directores do Serviço de Migração e Estrangeiro e do Serviço de Investigação Criminal”, detalhou.

 

Numa análise sobre a tomada de posse dos novos auxiliares do Ministério do Interior (MININT), designadamente Arnaldo Carlos para secretário do Interior e Cristino Mário Ndeitunga,para o Asseguramento Técnico, assim como do novo comandante-geral da Polícia Nacional de Angola (PNA), Francisco Ribas da Silva, o ex-deputado apontou que João Lourenço retirou os anteriores ocupantes dos cargos porque o “Presidente deixou claro que esses, na perspectiva dele, exerciam o serviço público em benefício pessoal e não em benefício da colectividade. Ou seja, não eram servidores públicos, mas eram servidores dos seus próprios interesses”.

De acordo com o comentador, o Presidente da República deixou assim um “recado” para todos os servidores públicos, tendo o político afirmado que a missão dos dirigentes é olhar para o país e para o interesse nacional, impedindo que “se sirvam do Estado”.

Por outro lado, Bernardo Tito lamentou o aproveitamento que subsistirá em algumas instituições, referindo que “infelizmente, a prática de se servir do Estado já vem de há quase 50 anos“.

Confirma-se que João Lourenço disse que exonerou o ministro do Interior e auxiliares porque “exerciam serviço público em benefício pessoal”?

Não. Durante a cerimónia de tomada de posse dos novos representantes do MININT e do novo comandante-geral da PNA, no dia 14 de Novembro, o Presidente da República disse que mexeu na composição desses cargos para manter a “integridade e autoridade do Estado“.

“Decidimos, nos últimos dias, fazer importantes mudanças no Ministério do Interior e nas diferentes polícias, porque entendemos que a integridade e a autoridade do Estado devem estar sempre acima de quaisquer tipos de interesses pessoais ou de grupo“, defendeu o Chefe de Estado angolano.

Com as mexidas efectuadas, João Lourenço augurou que o Ministério do Interior “tome um novo rumo, que seja mais consentâneo com a orientação mais geral de combate não apenas à corrupção, como às más práticas no aparelho do Estado, que acabam por prejudicar o país, mas também prejudicar, de forma muito directa, os cidadãos honestos”.

Por fim, o Chefe de Estado depositou confiança aos novos dirigentes do MININT, assegurando que a experiência, o saber, a integridade para o caso vertente, “se reveste da maior importância“.

Embora não tenha dito literalmente que exonerou o ministro do Interior e os secretários de Estado porque “exerciam serviço público em benefício pessoal”, João Lourenço apontou para a “integridade” e referiu-se a “interesses pessoais ou de grupo”. Pelo que classificamos a alegação de Lindo Bernardo Tito com o selo de “Impreciso”.

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Avaliação do Polígrafo África:

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