“A situação [da saúde mental] já aflige muitos dos nossos companheiros. O Ministério da Saúde (MINSA) registou mais de 300 mil pessoas com transtornos mentais em quatro anos e, só no Ministério do Interior, em 2025, perto de 250 efectivos foram diagnosticados com diversos transtornos”, declarou Manuel Homem.
A superintendente-chefe Celeste de Almeida, da Direcção de Saúde do Ministério do Interior (MININT), explicou que os problemas de saúde mental dos efectivos acompanham a realidade da população em geral, mas são agravados pela especificidade das funções: contacto permanente com a população, stress operacional e responsabilidade acrescida no exercício da actividade policial.
“A realidade socioeconómica também pesa. O efectivo do MININT é igualmente pai, filho, membro de uma igreja, e enfrenta as mesmas dificuldades da população. Mas, para além disso, carrega um juramento e uma responsabilidade acrescida: a de intervir, mesmo quando isso significa punir um familiar próximo”, sublinhou.
Segundo Celeste de Almeida, o ministério tem reforçado a assistência aos efectivos, através de um serviço de saúde que conta com psicólogos, sociólogos e assistentes sociais. “Temos conseguido dar resposta às diversas situações”, garantiu.
Mas será verdade que, em quatro anos, o MINSA registou mais de 300 mil doentes com transtornos mentais?
Sim. Dados oficiais indicam que, entre 2020 e 2023, mais de 350 mil angolanos foram diagnosticados com doenças psiquiátricas. Em 2024, apesar de um aumento, o total não chegou aos 400 mil. Contudo, considerando os números já registados em 2025, o país aproxima-se rapidamente desse patamar. Só em Luanda, entre Janeiro e Junho, o MINSA contabilizou 26.124 novos casos de transtornos mentais, mais 15.707 do que no mesmo período do ano passado.
Entre 2021 e 2024, a doença esteve ainda na origem de cerca de 3 mil suicídios, um número que evidencia a gravidade da situação.
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