“O ponto de partida, para mim, é sabermos quais são as necessidades. Hoje, somos 36 milhões, estamos a crescer a um ritmo de um milhão de pessoas por ano, e grande parte desse milhão não é rural, é urbana. Devemos ter em conta que 60 a 70% dessa nova população urbana não terá uma natureza produtiva rural”, afirmou Mário Rui Pires, na mais recente edição do programa Girassol Debate, transmitido pela TV Girassol — a mais recente cadeia televisiva do panorama mediático angolano.
Durante a sua intervenção no debate, cujo tema em análise foi a Segurança Alimentar, o então secretário de Estado para o Investimento Público defendeu a continuidade do investimento na agricultura familiar, mas destacou que é urgente reforçar a aposta na agricultura industrial, com vista a responder de forma eficaz às necessidades crescentes de consumo no país.
“Precisamos de saber o que queremos produzir. E aqui estamos a falar não só de segurança alimentar, mas também de um caminho de substituição das importações, sempre que tivermos capacidade de produzir internamente. É necessário apostar numa escala de produção agrícola industrial, de grande dimensão. E isso só é possível se nos guiarmos pelas necessidades reais do país”, sustentou.
Mas será verdade que a população de Angola está, de facto, a crescer ao ritmo de um milhão de pessoas por ano?
Os dados disponíveis confirmam esta tendência. Na apresentação das projecções demográficas para o país, o então director do Instituto Nacional de Estatística (INE), Camilo Ceita, indicou que a população angolana tem crescido, em média, mais de um milhão de pessoas por ano.
Já em Julho de 2023, durante a apresentação do relatório sobre a Situação da População Mundial 2023, intitulado “8 Mil Milhões – Infinitas Possibilidades”, o representante do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) em Angola, Mady Biaye, avançou com a previsão de que o país poderá atingir os 73 milhões de habitantes antes de 2050.
“A população vai continuar a crescer bastante, porque foram feitos enormes investimentos na redução da mortalidade e a taxa de fecundidade mantém-se ainda bastante elevada. A população vai mesmo duplicar”, afirmou Mady Biaye.
_______________________________________
Avaliação do Polígrafo África: