O primeiro jornal lusófono
de Fact-Checking

Ministra das Pescas diz que esse sector “contribui com 3% para o PIB” de Angola. É verdade?

Economia
O que está em causa?
A ministra das Pescas e Recursos Marinhos, Carmen do Sacramento Neto, concedeu uma entrevista ao jornal "Expansão" (edição de 18 de Outubro), na qual analisou o sector que tutela e apresentou alguns dados estatísticos. Com destaque para o contributo para o Produto Interno Bruto (PIB) de Angola que, em 2023, terá ascendido a 3%. Confirma-se?

“Relativamente ao ano passado, o sector das Pescas contribuiu com 3% para o PIB [Produto Interno Bruto] e queremos aumentar essa percentagem todos os anos”, garantiu a ministra das Pescas e Recursos Marinhos, Carmem do Sacramento Neto, em entrevista  ao jornal “Expansão” (edição de 18 de Outubro), especializado em assuntos económicos.

A governante lamentou, por outro lado, o facto de a pesca extractiva estar a ser “um entrave para aumentar” o contributo na riqueza nacional, tendo feito saber que o entrave tem sido compensado com o “aumento da produção ao nível da aquicultura”.

“Ao nível da aquicultura, a meta é produzirmos 80.000 toneladas/ano até 2027. No ano passado, por exemplo, projectámos sete mil toneladas, conseguimos ultrapassar e chegámos às 10.000 toneladas. Vamos a trabalhar com os bancos de desenvolvimento e os bancos comerciais para ver se continuamos a elevar o índice de produção e atingirmos as metas do Planapescas”, referiu a ministra.

Mas será verdade que o sector das Pescas contribuiu com 3% para a riqueza nacional no ano passado?

De acordo com os dados do Instituto Nacional Estatística (INE), não. Como se indica nesta estatística, em 2023, a contribuição do sector das Pescas para o PIB foi de 2,2%.

No ano anterior, segundo esta outra nota estatística, em termos monetários, o sector contribuiu com 2,5 mil milhões de kwanzas para o PIB.

E uma publicação da Organização das Nações Unidas em Angola indica que, naquele ano de 2022, o segmento das Pescas representou 2,1% para a riqueza nacional.

Para a ONU, de acordo com a nota, Angola “possui um vasto litoral, ampla mão de obra no sector pesqueiro e boas relações comerciais com os principais importadores europeus e asiáticos”.

Tendo em conta a disparidade existente nas informações apresentadas pela ministra e as estatísticas do INE, no início da tarde de segunda-feira, dia 21 de Outubro, o Polígrafo África contactou o Gabinete de Comunicação Institucional  do Ministério das Pescas e Recursos Marinhos de Angola, no sentido de clarificar a divergência dos dados. Porém, até ao início da tarde de hoje (22 de Outubro) não obtivemos resposta.

Com base nos dados referidos, classificamos a alegação da ministra das Pescas com o selo de “Falso“.

_______________________________

Avaliação do Polígrafo África:

Partilhe este artigo
Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn

Relacionados

Em destaque