A sociedade moçambicana continua a reagir ao anúncio de Venâncio Mondlane, candidato derrotado na últimas eleições presidenciais com o apoio do partido Podemos, que, num directo de mais de duas horas através da rede social Facebook e YouTube, no dia 30 de Dezembro, revelou a sua pretensão de alterar a bandeira nacional do país. Lançou mesmo um concurso, em que o autor da proposta aprovada deverá receber um pagamento no valor de 5 mil dólares norte-americanos.
Para Venâncio Mondlane, um dos elementos que deve ser removido da bandeira moçambicana é a arma de fogo, de modelo AK-47 (ou Kalashnikov), que representa a luta movida contra a colonização portuguesa.
“Se há arma na bandeira, a nossa mentalidade também está armada. Então, vamos removê-la da bandeira. Convido os editores gráficos a participarem num concurso no dia 10 de Janeiro de 2025 para fazer o projecto da nova bandeira de Moçambique”, apelou Mondlane.
Entretanto, alguns cidadãos, através das redes sociais, sobretudo no Facebook, manifestam-se contra a iniciativa. Há quem sugira que a alteração da bandeira poderá significar o menosprezo para com a história de luta dos moçambicanos contra a colonização, tendo outros sublinhado que uma medida à dimensão do anúncio de Mondlane carece de um debate inclusivo e participativo, além de não resultar exclusivamente da vontade de uma só pessoa.
“Propor a remoção da AK-47 sem um amplo debate nacional ignora o significado histórico e cultural do símbolo, que é um tributo à resistência e ao sacrifício do povo. Uma mudança tão significativa precisa ser debatida dentro de um processo inclusivo e legítimo, e não por meio de um concurso público precipitado”, escreveu uma internauta, em reacção a uma publicação a propósito feita numa página de apoiantes de Mondlane.
“Esse país não vai a lado nenhum por causa desse tipo de absurdos… Onde já se viu trocar a bandeira do país, se a bandeira representa nossa história, querem apagar o passado? Não existe isso. Não é a bandeira que rouba, mata e corrompe o país, mas sim as pessoas… Se quiserem, mudem a bandeira, o hino, e até o emblema, mas não vão cortar a raiz dos problemas”, escreveu outro internauta.
Importa referir que a medida anunciada por Mondlane não mereceu apenas críticas. Vários outros internautas elogiaram a iniciativa.
Para o jovem Sebastião Alfredo, a arma do tipo AK-47 deve mesmo ser “retirada da bandeira”, ironizando que até os “países que fabricam material bélico não têm armas nas suas bandeiras”.
No seu directo na rede social Facebook, além do anúncio de alteração da bandeira, Mondlane advertiu que, como candidato eleito pelo povo, vai tomar posse como Presidente da República no dia 15 de Janeiro, no mesmo dia em que a presidente do Conselho Constitucional, Lúcia Ribeiro, dará posse a Daniel Chapo, o candidato da Frelimo, vencedor das eleições presidenciais de acordo com os cálculos oficiais.
Para além da posse, Mondlane recomendou igualmente ao povo para que realize eleições nas suas circunscrições provinciais, municipais e de bairros, visando eleger os responsáveis dos governos locais, sendo que os candidatos eleitos deverão entrar em funções igualmente neste mês, à semelhança do Chefe de Estado.