Na capital moçambicana, Maputo, todas as atenções estão viradas para o regresso ao país do candidato presidencial Venâncio Mondlane, que estava em parte incerta desde o dia 21 de Outubro de 2024 por motivos de segurança.
Entretanto, Venâncio Mondlane aterrou hoje em Maputo por volta das 9 horas local, tendo encontrado o Aeroporto Internacional de Maputo sob fortes medidas de segurança em toda a sua extensão.
Em declarações ao Polígrafo África, o jurista Sandro de Sousa considera ser normal a forte presença policial no também conhecido Aeroporto de Mavalane, perspectivando que o objectivo seja unicamente o de garantir a segurança em torno de Venâncio Mondlane, tendo em conta a agitação política no país.
“A questão ligada à segurança do aeroporto é uma coisa normal. O Venâncio proporcionou várias coisas, uma delas foi o lado violento das manifestações ligadas à vandalização de bens públicos e privados. Existem muitos agentes privados que estão tristes com este cenário que causou a perda de muito dinheiro e automaticamente poderão querer vingar-se”, sublinha.
Além da protecção de Mondlane face a empresários possivelmente “zangados”, Sandro de Sousa indica também que o candidato presidencial (que continua a reclama por uma vitória eleitoral não confirmada pelas autoridades) é uma figura protocolar.
“Venâncio Mondlane não perdeu ainda a imunidade, ganha imunidade mais uma vez, como o segundo candidato mais votado, o Estado moçambicano não vai deixar que alguma coisa lhe aconteça. Mas também pode ser que a segurança tenha sido reforçada para controlar a emoção das pessoas, olhando para a moldura dos seus seguidores”, acrescenta.
Por seu lado, o analista político Dercio Alfazema diz esperar que a vinda de Mondlane contribua para um ambiente político mais saudável.
“O regresso de Venâncio Mondlane levanta uma esperança para os moçambicanos que querem que haja um diálogo entre os actores políticos nacionais. Eu espero que a retoma de Venâncio Mondlane contribua para um ambiente pacífico e um ambiente político mais saudável. Ele deve voltar também porque corria o risco de permanecer fora em situação ilegal, como também perder a tomada de posse como membro do Conselho de Estado, sendo o segundo candidato mais votado”, comenta Dercio Alfazema.
Na sua perspectiva, a ausência de Mondlane contribuiu para o caos que o país vivenciou durante a vaga de manifestações.
“Ele não devia ter saído do país, para depois promover manifestações sem estar por perto para controlar os grupos”, adverte Alfazema.
Mondlane não reconhece a vitória da Frelimo e do seu candidato presidencial Daniel Chapo nas eleições gerais de 9 de Outubro. Insiste aliás em anunciar que ele próprio vai tomar posse no dia 15 de Janeiro como novo Presidente da República.
Pretensão que Alfazema considera não passar de um exercício simbólico.
“Nós sabemos que se isto acontecer, será algo simbólico como um exercício político para animar os seus apoiantes. Essa tomada de posse não terá nenhum efeito jurídico“, conclui.