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Moçambique. Daniel Chapo denuncia corrupção e burla na gestão da LAM?

Política
O que está em causa?
Circula nas redes sociais a alegação de que o Presidente da República de Moçambique, Daniel Chapo, terá afirmado publicamente que existem corruptos e burladores na administração da companhia Linhas Aéreas de Moçambique (LAM). A dúvida paira: trata-se de uma declaração verídica ou de mera especulação?
© Shutterstock

Uma publicação datada de 28 de Abril, difundida na rede social Facebook, refere que o “Presidente Chapo diz que há corruptos, nhonguistas e burladores na LAM, mas não revela nomes. Quem são?”. O post gerou uma forte repercussão, com mais de seis mil reacções e milhares de comentários, reacendendo o debate sobre a gestão da companhia aérea nacional.

A afirmação é verdadeira. O Presidente Daniel Chapo denunciou, de facto, a existência de práticas de corrupção e conflitos de interesse na LAM. A declaração foi feita esta segunda-feira, 28 de Abril, durante a apresentação do balanço dos primeiros 100 dias do seu mandato.

“Descobrimos que, na nossa empresa, há pessoas com conflitos de interesse. Não lhes interessa que a LAM tenha aviões próprios, mas sim que continue a alugar aviões, porque, com o aluguer, ganham comissões”, afirmou o Chefe de Estado.

Durante o mesmo discurso, Chapo garantiu que o seu Governo irá proceder à reestruturação da LAM, com o objectivo de defender o interesse público e assegurar o relançamento da companhia.

“Decidimos, como Governo, que vamos reestruturar a LAM. Por isso, tivemos de cancelar todo o processo anterior e reorientá-lo. É fundamental que se cuidem dos interesses do povo, e não dos interesses de indivíduos ou grupos. A restruturação implicará igualmente mudanças a nível de recursos humanos – haverá pessoas que terão de sair, para nos deixarem trabalhar. Este processo culminará com a aquisição de aeronaves próprias”, declarou o Presidente.

Chapo revelou ainda que, após a realização de um estudo interno, três indivíduos foram enviados à Europa com a missão de inspeccionar aviões a serem adquiridos pelos novos accionistas da LAM. Contudo, regressaram ao país 15 dias depois, sem terem realizado qualquer inspecção. O Presidente da República lamentou o episódio, considerando-o um sinal claro de sabotagem interna.

São raposas a cuidar de galinhas, ou gatos que querem cuidar de ratos”, disse, numa metáfora que ilustra a sua desconfiança em relação aos actuais responsáveis pela gestão da companhia.

Num tom conciliador, Chapo apelou ainda à paciência dos moçambicanos, garantindo que o processo de recuperação da LAM está em curso. “Depois da tempestade, vem a bonança”, assegurou.

A denúncia do Presidente da República coloca sob os holofotes a gestão da companhia aérea nacional e lança expectativas sobre os próximos passos do Governo no combate à corrupção e na reestruturação de uma das empresas estratégicas do país.

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Avaliação do Polígrafo África:

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