Os jornalistas angolanos, William Afonso Tonet e Orlando Castro, estão entre os subscritores de uma carta de iniciativa de intelectuais portugueses enviada ao Presidente de Portugal, em que apelam a Marcelo Rebelo de Sousa a intervir junto de seu homólogo moçambicano no sentido de se garantirem segurança a Venâncio Mondlane, o candidato presidencial que reclama vitória.
Na carta com a epígrafe: “Apelo Urgente – Direito de Segurança do candidato moçambicano Venâncio Mondlane“, os subscritores manifestam a crença de que Marcelo Rebelo de Sousa, a Assembleia da República portuguesa e o Governo liderado por Luís Montenegro, podem desempenhar um papel crucial de “moderador e de estímulo ao diálogo” na situação de Moçambique, e lembram que Venâncio Mondlane ausentou-se de seu “país por questões de segurança em resultado da instabilidade política, social e militar provocada pela não aceitação dos resultados eleitorais”.
“Considerando essa instabilidade, na perspectiva de que Venâncio Mondlane possa ser também um factor de estabilização, de pacificação e de reconciliação nacional, importa apelar às autoridades moçambicanas que garantam a sua segurança”, requerem os subscritores, que, para os quais, Moçambique vivencia uma situação de “pré-guerra civil” que deve ser evitada.
De referir que a instabilidade em Moçambique se deu antes mesmo do anúncio definitivo dos resultados eleitorais de 9 de Outubro. Fruto de sua contagem paralela, Venâncio Mondlane, o candidato apoiado pelo Podemos, concluiu ter vencido as eleições com cerca de 70% dos votos, curiosamente o mesmo resultado que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) atribuiu ao candidato da Frelimo, o partido no poder.
Confiante nos seus cálculos, Mondlane accionou o seu assessor jurídico, Elvino Dias, que chegou, como garantiu, a colher provas suficientes para provar ter havido fraude por parte da CNE.
Entretanto, Elvino Dias acabou sendo morto cravado de balas no interior de sua viatura. Paulo Guambe, mandatário eleitoral do Podemos, com quem Elvino Dias se fazia acompanhar naquele dia fatídico, também conheceu a morte naquele instante.
Até ao momento, não se sabe se as autoridades estão a investigar o caso, e se há alguma suspeita dessas execuções. E é por conta deste aparente descaso das autoridades governamentais e policiais moçambicanas, que diferentes activistas e estudiosos estão a escrever para o Presidente de Portugal, um país que tem sido exemplo de Estado de Direito e Democrático no mundo lusófono e não só.
Vale lembrar que, além de William Tonet e Orlando Castro, subscreveram a carta Paulo de Morais, Ana Gomes, Fernando Nobre, Henrique Neto, João Soares e Léo Silva Alve.