“Paul Kagame apoia Frelimo para frustrar a alternância política” em Moçambique, lê-se no título de uma publicação feita no dia 3 de Novembro. na rede social Facebook. O autor do texto que acumula dezenas de comentários garante que o “Ruanda vai enviar 25 helicópteros da base aérea ruandesa e 120 carros fortes”. Por outro lado, diz não saber o “número específico de soldados ruandeses que estão em Moçambique para matar qualquer cidadão que estiver insatisfeito com a situação do país”.
O Presidente do Ruanda “está a apoiar a Frelimo por causa da [província de] Cabo Delgado”, uma vez que o seu país “tem grandes interesses” na região que fica no extremo Nordeste de Moçambique, acrescenta.
Mais, acusa Paul Kagame de possuir “uma empresa de segurança privada que actua nesta região rica em recursos minerais”. De modo que “se a Frelimo cair, os acordos secretos de Filipe Nyusi e Paul Kagame vão ser cancelados”. Por isso considera não ser “normal uma força estrangeira estar em Maputo para reprimir os manifestantes”.
Os protestos contra os resultados eleitorais têm gerado confrontos em várias cidades do país. Na capital Maputo, por exemplo, no último fim-de-semana a polícia enfrentou manifestantes lançando gás lacrimogéneo para dispersar as pessoas.
Nessas manifestações surpreendeu a aparição de carros de guerra nunca vistos e militares carregando armas pesadas, o que terá motivado os rumores sobre a presença de tropas ruandesas em Maputo, supostamente mobilizadas para combater os protestos pós-eleitorais.
Esta desconfiança fez com que muitos cidadãos moçambicanos fossem à página oficial no Facebook do Presidente ruandês, Paul Kagame, exigindo que retire o seu Exército de Moçambique.
Entre os comentários, um internauta escreve a Kagame dizendo “nós, cidadãos de Moçambique e apoiantes da justiça e dos direitos humanos, apelamos à vossa liderança para ordenar a retirada das tropas ruandesas presentes actualmente no nosso país. O direito a protestos pacíficos é fundamental em qualquer democracia e a sua obstrução constitui uma violação dos direitos do povo moçambicano”.
Entretanto, no dia 3 de Novembro, a porta-voz do Governo do Ruanda, Yolande Makolo, assegurou que as Forças Armadas ruandesas não têm tropas em Maputo, nas operações que tentam controlar as manifestações pós-eleitorais, contrariando várias mensagens que circulam há vários dias nas redes sociais.
“Não há tropas ruandesas em Maputo. As Forças de Segurança do Ruanda estão posicionadas apenas na província de Cabo Delgado, em operações conjuntas com as forças moçambicanas contra combatentes extremistas islâmicos que têm aterrorizado os residentes na província”, escreveu Yolande Makolo, na sua conta oficial na rede social X.
No dia 5 de Novembro, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, também garantiu que as Forças Armadas do Ruanda não têm tropas em Maputo para controlar as manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, referindo que continuam em Cabo Delgado a combater o terrorismo.
“Dizer que estão aqui tropas de Ruanda na cidade… Para quê isso? Para quê ofender um povo que decidiu vir aqui ajudar as pessoas?”, reagiu Filipe Nyusi aos rumores que circulam em Maputo sobre a mobilização de forças ruandesas e blindados para a capital, face às manifestações que continuam a realizar-se de contestação aos resultados eleitorais.
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Avaliação do Polígrafo África: