Intitulada como “Carta Aberta ao Povo Moçambicano”, a suposta missiva, datada de 4 de Janeiro, é atribuída a Graça Machel e contém declarações contundentes e polémicas.
“Hoje escrevo-vos com um coração cheio de arrependimento e culpa. Durante todos estes anos, mantive-me em silêncio, cedi à cobardia e não me levantei com a força necessária para denunciar as injustiças que vos têm sido impostas. Peço-vos, do fundo do meu ser, que me perdoem por não ter sido a voz que deveria ter sido, por não ter agido quando a acção era urgente”, terá assumido a antiga primeira-dama de Moçambique no texto que está a ser partilhado viralmente nas redes sociais.
Após esta introdução seguem-se várias críticas à Frelimo, partido que governa Moçambique desde a independência em 1975.
“A Frelimo, outrora um movimento de libertação que inspirou o mundo, transformou-se numa máquina de opressão, corrupção e morte. O partido que um dia prometeu servir o povo, hoje serve apenas a si mesmo e aos interesses de uma elite corrupta”, lê-se na carta.
Sublinha também que a Frelimo “mata o povo, silencia vozes dissidentes e nega a vontade popular expressa nas urnas”. Posto isto, exige que o poder seja devolvido ao “legítimo vencedor”, não por interesse pessoal, mas “em nome da democracia que um dia jurei servir”.
No mesmo texto são ainda dirigidas críticas à governação de Daniel Chapo, novo Presidente da República, sugerindo que este possa estar a actuar a favor dos interesses de políticos como Filipe Nyusi, Bernardo Rafael e Alberto Chimpande.
Termina com um apelo à unidade nacional: “Unam-se, unam-se, unam-se!”
A carta é autêntica?
Não. Na sua página oficial no Facebook, Josina Machel, filha de Graça Machel, desmentiu a autoria da carta, classificando-a como falsa e questionando: “Para quê a necessidade de desinformar e mentir?”
Apontando no mesmo sentido, a Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), presidida por Graça Machel, emitiu um comunicado oficial refutando a autoria da missiva.
“A FDC vem, através do presente comunicado e em defesa do bom nome e da honra da sua PCA, esclarecer à sociedade em geral que a aludida ‘Carta Aberta ao Povo Moçambicano’ não é de sua autoria, nem teve qualquer tipo de participação na concepção, sendo produto da imaginação de pessoas de má-fé com objectivos políticos claros e inconfessáveis de manipulação da opinião pública”, garantiu.
Assim, conclui-se que a carta atribuída a Graça Machel é falsa.
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Avaliação do Polígrafo África: