Nos últimos dias surgiram várias publicações nas redes sociais que apontam para uma suposta decisão do Tribunal Judicial da cidade de Maputo sobre as contas bancárias de Venâncio Mondlane, candidato à Presidência da República de Moçambique derrotado nas eleições de 9 de Outubro, de acordo com os resultados apresentados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) que têm sido contestados e motivado uma vaga de protestos no país.
“Tribunal de olho nas contas bancárias do Venâncio Mondlane, eles querem saber quem mete dinheiro e como ele gasta os valores recebidos”, destaca-se numa publicação de 20 de Novembro no Facebook. Exibe imagens do que parece ser uma solicitação do Tribunal Judicial da cidade de Maputo – Secção de Instrução Criminal, que pretende para saber a proveniência dos valores recebidos ou movimentos nas contas bancárias de Mondlane.
Em reacção à publicação há quem defenda que se aplique a mesma medida às contas bancárias dos membros do Governo e aos políticos do partido Frelimo.
“Em vez de fazer isso com as contas dos camaradas da Frelimo. Só mesmo com as dos outros. Devíamos todos reclamar das injustiças. Queremos também [que sejam revistas] as contas dos camaradas [da Frelimo] e seus familiares”, lê-se nos comentários.
Na mesma linha de pensamento está outro interveniente, ao escrever que “devem fazer isso nas contas dos antigos Presidentes de Moçambique, nomeadamente Joaquim Chissano, Armando Guebuza e de Filipe Nyusi [Presidente cessante de Moçambique] e o resto dos membros do Parlamento da Frelimo, assim como os seus mafiosos juízes”.
No que respeita às contas bancárias de Mondlane, a informação é verdadeira?
Sim. Como noticiou o jornal “O País” de Moçambique, no dia 21 de Novembro, o Tribunal Judicial da cidade de Maputo – Secção de Instrução Criminal solicitou o congelamento das contas bancárias de Mondlane.
“O Tribunal Judicial da Cidade de Maputo solicitou, no dia 18 de Novembro, o bloqueio de todas as contas bancárias de Venâncio Mondlane, domiciliadas no Bayport Financial Services Mozambique. O Tribunal pediu ainda o extrato das transações bancárias entre 1 de Janeiro de 2024 e 8 de Novembro de 2024″, informou.
De acordo com a mesma fonte, o documento é assinado pela juíza Ludovina Florbela Marcelino David que contactou a referida unidade bancária para solicitar informações bancárias de Mondlane e o imediato bloqueio de contas, no caso de existirem.
Segundo “O País”, o tribunal solicitou ainda a identificação completa das contas bancárias tituladas por Mondlane, bem como documentos de identificação completa dos co-titulares ou assinantes em caso de conta conjunta ou pessoas colectivas.
No entanto, na sua página oficial do Facebook, Mondlane também partilhou o documento e reagiu dizendo: “Meu povo, eu não tenho nada a esconder, este país é nosso e não vamos recuar por conta de intimidações. Vamos até ao fim.”
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Avaliação do Polígrafo África: