“Portugal tem um problema de água com a Espanha. Eles ainda não lutaram porque têm entendimento”, declarou o antigo deputado à Assembleia Nacional e um dos membros fundadores da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), Ngola Kabangu, em entrevista ao “Novo Jornal”, publicada no dia 31 de Janeiro.
Na sua abordagem, Kabangu expressou esse argumento para demonstrar o seu descontentamento com o “mau aproveitamento” por parte do Governo angolano dos recursos hídricos disponíveis no país, fazendo comparação com diferentes países que partilham caudais de rios, mas sabem tirar “melhor proveito”.
Entre outros assuntos, o ex-deputado da FNLA referiu que é o momento de Angola parar de importar produtos que “já são produzidos localmente”.
“Importamos o que temos aqui e a desculpa é que o que se produz é pouco. Vamos aumentar a produção. Nós temos terras aráveis, o Presidente da República confirmou isso e eu também confirmo.”, apelou.
É verdade que Portugal e Espanha têm um “entendimento” relativamente à gestão dos rios que partilham entre os seus territórios?
Sim. Portugal e Espanha têm que compartilhar as bacias hidrográficas dos rios Minho, Lima, Douro, Tejo e Guadiana, que cobrem cerca de 65% do território luso. Esses rios nascem em Espanha e vão desaguar a Portugal.
Em 1998, os dois países da Península Ibérica firmaram a Convenção de Cooperação para a Protecção e o Aproveitamento Sustentável das Águas das Bacias Hidrográficas Luso-Espanholas, designada por “Convenção de Albufeira“. Desde então, os dois Estados têm rubricado vários memorandos no domínio da gestão da água. Recentemente assinaram novos acordos para o sector hídrico.
Durante a 35.ª Cimeira Luso-Espanhola, o Primeiro-Ministro de Portugal, Luís Montenegro, destacou “o tema principal, o da água, um bem que partilhamos, que é essencial ser bem gerido, quer na sua utilização para abastecimento humano quer para uso em atividades económicas, da agricultura ao turismo, que são igualmente relevantes dos dois lados da fronteira”.
____________________________________
Avaliação do Polígrafo África: