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Norberto Garcia diz que “1 euro são 1.200 kwanzas”. Esta taxa de câmbio é real?

Economia
O que está em causa?
O director do Gabinete de Estudos e Análises Estratégicas (GEAE) participou recentemente numa transmissão em directo na rede social TikTok, onde apontou diversas desvantagens da emigração de angolanos. Entre as dificuldades mencionadas destacou o elevado custo de vida em Portugal. Como exemplo afirmou que 1 euro equivale a 1.200 kwanzas, valor que permite comprar 30 pães em Angola.
© Shutterstock

1 euro são 1.200 kwanzas. Com 1.200 kwanzas compro 30 pães. Com 1 euro compro um pão e meio”, afirmou Norberto Garcia durante uma transmissão em directo no TikTok, mais especificamente na página “Rainha TV”.

Na sua intervenção, Garcia comparou a realidade angolana com a portuguesa, sobretudo no que diz respeito ao poder de compra, custo de vida e oportunidades de negócio.

“Não é verdade que a vida é melhor. Façam contas. Aqui a renda é mais barata do que ali [em Portugal]. E as pessoas vão para lá sofrer. Vão-se escravizar”, assegurou o director do GEAE, um órgão de assistência ao Presidente da República, sob tutela da Casa Militar.

A taxa de câmbio actual é mesmo de 1.200 kwanzas por 1 euro?

Os dados oficiais indicam que a declaração de Garcia  não corresponde à realidade. De acordo com o Banco Nacional de Angola (BNA), a taxa de câmbio oficial fixa 1 euro em 987,422 kwanzas, enquanto 1 dólar norte-americano equivale a 912 kwanzas.

O valor de referência do Banco Central está alinhado com as taxas praticadas pelas instituições bancárias do sistema financeiro nacional, nenhuma das quais atinge os 1.200 kwanzas mencionados por Garcia. No BAI, maior instituição bancária em activos de Angola, a compra de 1 euro custa 1.015 kwanzas, enquanto a venda está fixada em 1.035 kwanzas.

Por outro lado, no mercado paralelo, cada nota de 100 euros é comercializada por aproximadamente 115.000 kwanzas, o que significa que 1 euro custa cerca de 1.150 kwanzas. Ou seja, a taxa de câmbio aproxima-se do valor indicado por Garcia.

Face a esta discrepância, o Polígrafo África contactou Norberto Garcia para obter esclarecimentos. O qual manteve a sua declaração, sem especificar se se referia à taxa de câmbio oficial ou ao valor praticado no mercado informal.

Assim, aplicamos o selo de “Falso, mas…” Embora os números indicados não coincidam com as taxas oficiais, aproximam-se da realidade no mercado paralelo.

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Avaliação do Polígrafo África:

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